João Fonseca no Rio Open: psicóloga do COB avalia impactos de jogar em casa

Publicidade

Principal torneio de tênis da América do Sul, o Rio Open iniciou no último sábado (15), no Rio de Janeiro.

A competição, que chega à sua 11ª edição, reúne grandes nomes do tênis mundial e contará com a presença de João Fonseca, jovem promessa brasileira, que estreia nesta terça-feira (18), às 21h30 (de Brasília).

Aos 18 anos, o brasileiro venceu o argentino Francisco Cerúndolo por 2 sets a 0 e conquistou o ATP 250 de Buenos Aires. O carioca se tornou o brasileiro mais jovem a conquistar um título de ATP e o 10º mais jovem de todo o mundo.

Agora, diante da torcida brasileira, o jovem tenista busca o segundo título profissional na carreira. Mas o fator casa influencia no desempenho dos atletas?

Segundo Aline Wolff, psicóloga e líder das ações de saúde mental do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) há mais de 12 anos, essa questão pode variar para cada atleta.

“É realmente algo que é totalmente diferente para uns e para outros. É muito individual. O que para uns pode ser uma grande ameaça, uma coisa que atrapalha, para outros é uma oportunidade de usar isso a seu favor. Quando a gente tem essas situações, existe todo um trabalho para transformar um pouco da ameaça em oportunidade”, disse.

“É necessário ajudar esse atleta a se comprometer com as coisas que estão no controle dele. A expectativa dos outros, o que a mídia fala, o que as pessoas esperam, não está no controle dele, a expectativa do outro é do outro. Colocar atenção sobre algo que está no controle, que é relação daquele atleta com o seu esporte, com o que ele se preparou para fazer, esse é um caminho às vezes para ajudar os que têm dificuldade”.

A psicóloga ainda afirma que a disputa em um território nacional pode ser um fator positivo para outros atletas.

“Essa questão não é unânime. Não é algo que todos tem dificuldade, às vezes isso é algo que na verdade liga mais, motiva mais, traz mais vantagem. Quando isso é algo que pressiona, existe todo um trabalho para que o atleta consiga virar um pouquinho essa chave e levar para uma direção que o ajude”, contou Aline.

Exposição

João Fonseca foi recebido no Brasil com empolgação  em sua chegada para disputar o Rio Open. O jovem tenista de 18 anos foi recepcionado por fãs que pediram por fotos e autógrafos. 

Embora o reconhecimento público e o carinho dos fãs sejam positivos para a motivação do atleta, a superexposição pode gerar pressões excessivas e grandes expectativas.

Aline Wolff, que acompanha Rebeca Andrade desde os 13 anos de idade da ginasta, explica que essa questão é trabalhada a longo prazo com o objetivo de blindar os atletas.

“Chega uma hora que sim, eles vão aparecer para o mundo, mas esse trabalho começa muito antes dele aparecer. Ele não começa na hora que o atleta aparece para o mundo, ele começa lá atrás, e aí quando acontece, ele já está pronto. Isso é o que faz a diferença para que o atleta se sinta blindado, protegido dessa onda. Não posso falar especificamente do João, que eu não acompanho, mas eu já acompanhei vários atletas que viveram isso. Em um dia ninguém te conhece, e no outro dia você é a esperança da alegria de uma nação. Isso pode ser pesado se for uma grande surpresa”, explicou Wolff.

“As pessoas são muito diferentes, e as fases do desenvolvimento humano também trazem diferenças. Claro que um atleta mais jovem também é uma pessoa mais jovem, que não tem uma maturação cerebral completa, não passou ainda por fases do desenvolvimento de maturidade emocional também. É muito importante que quem esteja trabalhando com esses jovens, entenda disso. E não são só os psicólogos, são os treinadores, os preparadores físicos, toda equipe interdisciplinar precisa entender qual é a fase do desenvolvimento que aquela pessoa está”.

No caso de João Fonseca, que desponta como uma das promessas do tênis brasileiro, a atenção redobrada se justifica. Além do desafio natural de se firmar no circuito profissional, o atleta terá a misssão de, sob os holofotes, equilibrar a vida pessoal e esportiva em meio ao assédio do público e da mídia.

“No esporte de alto rendimento e, sobretudo, em algumas modalidades que começam muito cedo, esses jovens têm um processo acelerado de maturação. Eles precisam desenvolver uma maturidade emocional, que se a gente vai comparar com a de não atletas, eles precisam ser muito mais maduros, porque o esporte exige isso também. É uma outra linha do tempo. As coisas precisam acontecer numa fase da vida que o atleta ainda não está totalmente maduro, mas o esporte acontece nesta fase. Então, se a gente está falando de um atleta de 16, 17 anos, é uma exigência de se estar muito pronto, que você não vai encontrar na vida um adolescente de 16 e 17 anos que não é atleta”, concluiu.

Esportes – Confira notícias da Editoria | CNN Brasil

Compartilhe essa Notícia:

publicidade

publicidade

plugins premium WordPress