O Tesouro Nacional informou nesta terça-feira (18) que captou US$ 2,5 bilhões em sua primeira emissão de títulos em dólares no mercado internacional neste ano, ressaltando que a demanda de mercado “superou largamente” o volume emitido.
De acordo com a pasta, o título de 10 anos, com vencimento em 2035, foi negociado com um rendimento de 6,75% ao ano. A taxa representa uma diferença de 2,20 pontos percentuais acima da remuneração do título do tesouro de 10 anos dos Estados Unidos, a menor desde 2020, segundo o Tesouro.
“Esta emissão atraiu interesse significativo de investidores, com um ápice de 301 ordens no livro de ofertas. A demanda superou largamente o volume emitido, com o livro de ordens em cerca de US$ 6,5 bilhões em seu pico”, disse em nota.
Ao fim da operação, a pasta informou que a alocação final contou com expressiva participação de investidores não residentes, sendo cerca de 64% da Europa e da América do Norte, com a América Latina, incluindo o Brasil, respondendo por 28%.
“A emissão reforça o importante papel da dívida externa para o alongamento do prazo médio da dívida, diversificação e ampliação da base de investidores”, acrescentou.
Ao anunciar a operação mais cedo nesta terça, o Tesouro afirmou que o objetivo da operação é “promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar no mercado externo, provendo referência para o setor corporativo e antecipar financiamento de vencimentos em moeda estrangeira”.
A operação foi liderada pelos bancos Bradesco, JP Morgan e Morgan Stanley.
O “initial price talk”, referência inicial de preços para sentir o interesse dos investidores, havia sido de 7,05%, de acordo com o serviço de informações financeiras IFR, da Lseg. O patamar foi confirmado por uma fonte a par da operação.
A equipe econômica tem argumentado que os lançamentos de títulos públicos brasileiros no mercado internacional têm a finalidade central de dar referência ao mercado privado de emissão de dívida, sem que o governo dependa efetivamente desse financiamento externo.
Os títulos públicos atrelados ao câmbio representam uma fatia menor da dívida do país, tendo fechado 2024 em 4,76% do estoque, sendo a quase totalidade disso relativa a emissões soberanas. A meta para 2025 estabelecida no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro é que esses papéis representem entre 3% e 7% do total da dívida, mesmo alvo do ano anterior.
Em maio de 2024, o governo pediu ao Senado uma ampliação de US$ 75 bilhões para US$ 125 bilhões do limite máximo de emissão de títulos de dívida pública no exterior, em meio ao plano de ampliação das emissões de títulos sustentáveis. Na ocasião, o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, argumentou que essa ampliação deveria ser consumida em 10 a 15 anos.
A última emissão externa do governo brasileiro foi feita em junho do ano passado, com títulos vinculados a compromissos sustentáveis, que levantou US$2 bilhões. Meses antes, em janeiro de 2024, o Tesouro havia levantado US$4,5 bilhões de dólares com a emissão de papéis de 10 e 30 anos.
A nova operação acontece em um momento em que o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, uma medida do risco do país, apresenta melhora significativa, tendo caído mais de 20% no acumulado do ano.
O movimento vem após uma forte deterioração em dezembro, quando preocupações fiscais domésticas e incertezas do mercado global após a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desencadearam uma desvalorização de ativos brasileiros.
Recentemente, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, observou que os mercados mostraram alívio com o fato de as tarifas ameaçadas por Trump não terem sido imediatamente impostas, após expectativas iniciais de que suas políticas seriam inflacionárias.
Neste mês, o subsecretário da Dívida Pública do Tesouro, Daniel Leal, disse que não há intenção do governo de se intrometer no câmbio ao fazer emissões externas de títulos públicos, ressaltando que as políticas cambial e monetária são atribuições do BC.
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