Vinte e cinco anos depois de Gustavo Kuerten fazer história como líder do ranking mundial da ATP, uma nova estrela do tênis brasileiro começa a brilhar no cenário internacional: João Fonseca. Entusiasmado com o momento do esporte no país, Guga vê o jovem de 18 anos no caminho certo para repetir o seu feito.
“O principal é continuarem esse fluxo de trabalho que estão promovendo nos últimos anos. Está dando muito certo. O potencial que o João apresenta nas quadras, a gente evidencia há mais de dois anos. É fruto de um trabalho bem elaborado (…) É um caminho que está montado para ser número um do mundo, está claro, é um objetivo. Mas tem todos os entrelaços, armadilhas. Sempre terão dificuldades e vai ter que passar por isso”, afirmou Guga.
Depois de ser campeão do ATP 250 em Buenos Aires, no último domingo (16), João Fonseca perdeu para o francês Alexander Muller na primeira rodada do Rio Open, na terça-feira (18).
Na avaliação de Guga, a oscilação do jovem é natural e não diminui em nada as expectativas em torno do jovem brasileiro.
“É muito raro (um jovem ganhar torneios consecutivos) e, mesmo assim, o João tem numeros que, quando comparamos, já brincamos que não é só comigo, é algo mundial. Então, sempre são pesos. Alguns favorecem ele a jogar mais à vontade, outros para saber lidar e aprender esse papel de ídolo. O João é uma grande chance de termos um tenista brigando nos maiores torneios, com chances de ganhar Grand Slam e possivelmente brigar para ser número um”, destacou o ex-tenista.
Em entrevista nesta sexta-feira (21), no Rio de Janeiro, Guga relembrou as conquistas de 25 anos atrás e falou sobre como ainda se emociona ao relembrar das vitórias, da perda do pai, dos títulos e das relações que construiu, em especial com o técnico Larri Passos.
“O principal, sempre, são as etapas vencidas. As parcerias, o elo de confiança que começou com meu pai, que trouxe o Larri. Toda essa caminhada para mirar um pouco sem saber (a chance de ser número). E, claro, os títulos. O sentimento, mesmo, é do início, das dificuldades que vencemos, da decisão de seguir no tênis na ausência do meu pai, que lá com oito anos, me deu uma raquete. Depois o lado competidor com o Larri para enfrentar até aquele grande salto em 1997, que trouxe o mundo real, do topo do tênis, para nossa rotina”, relembrou.
Avesso às redes sociais, Guga também explicou que deixa as “portas abertas” para qualquer aproximação de tenistas brasileiros, mas, no caso de João Fonseca, costuma ter mais contato com o treinador Guilherme. A lenda brasileira também afirmou que está longe de tornar-se treinador neste momento.
Tricampeão de Roland-Garros, Guga fez história no tênis no início dos anos 2000. Com 20 títulos de ATP, ocupou a primeira posição do ranking mundial por 43 semanas e é reconhecido como uma lenda do esporte.