Os sintomas que antecedem o diagnóstico de demência podem variar de acordo com a etnia de uma pessoa. É o que aponta um estudo liderado pela Queen Mary University, de Londres, que será publicado na quarta-feira (26).
Um dos principais sintomas da demência é a dificuldade de memória, porém os estágios iniciais da doença podem causar outros sintomas, como depressão, perda de peso, pressão arterial baixa e tontura. O maior reconhecimento desses outros sintomas não cognitivos pode ajudar a reduzir as desigualdades no acesso ao diagnóstico precoce de demência, segundo os pesquisadores.
Diante disso, o estudo buscou investigar padrões no atendimento primário antes do diagnóstico de demência em uma população diversificada com proporções substanciais de pessoas identificadas como negras ou sul-asiáticas.
Para isso, a pesquisa usou um estudo de caso-controle aninhado de dados anônimos de registros eletrônicos de saúde de cuidados primários de mais de 1 milhão de pessoas em East London. No total, registros de saúde de 4.137 indivíduos com diagnóstico de demência e 15.754 controles pareados foram examinados.
Os pesquisadores investigaram os dados, observando uma série de sintomas que os pacientes relataram aos médicos até dez anos antes de receberem um diagnóstico de demência e comparando-os com pessoas da mesma idade que não receberam o diagnóstico.
Além das dificuldades de memória, os sintomas observados incluíam depressão, ansiedade, uso de antipsicóticos, insônia, constipação, incontinência, hipotensão, perda auditiva, dor, desequilíbrio e tontura.
A pesquisa também investigou se pessoas de grupos étnicos minoritários eram mais propensas a relatar sintomas não cognitivos ao clínico geral. O estudo encontrou evidências de que vários sintomas eram mais comumente relatados antes de um diagnóstico de demência em pessoas negras e sul-asiáticas do que em pessoas brancas.
Em particular, pacientes sul-asiáticos e negros tinham mais comumente registros de constipação, incontinência, desequilíbrio, tontura, dor musculoesquelética e insônia antes de seu diagnóstico de demência.
“Obter um diagnóstico oportuno de demência requer reconhecimento imediato de sintomas que sugerem que alguém pode estar desenvolvendo demência. Nós tendemos a focar principalmente em problemas de memória como a razão para avaliar alguém para demência, mas isso é um problema porque a condição não afeta apenas a memória, e porque por razões culturais as pessoas podem ser mais ou menos propensas a relatar dificuldades de memória ao seu clínico geral”, afirma Charles Marshall, professor de Neurologia Clínica e líder de pesquisa sobre demência no Queen Mary’s Centre for Preventive Neurology, em comunicado à imprensa.
“Esperamos que este trabalho melhore o reconhecimento justo da possível demência na atenção primária para que todos possam se beneficiar igualmente do diagnóstico, tratamento e tratamentos emergentes para a demência”, completa.
“A demência afeta todas as partes da população e pesquisas mostram que pessoas de origens negras e sul-asiáticas têm um risco maior de desenvolver demência. No entanto, elas são frequentemente sub-representadas em estudos de demência, então é excelente ver esta pesquisa, que é a primeira a explorar como os primeiros sinais de demência são relatados aos clínicos por grupos diversos”, completa Richard Oakley, Diretor Associado de Pesquisa e Inovação da Alzheimer’s Society.
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