A equipe econômica do governo federal avalia que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu dobrar a aposta ao escolher Gleisi Hoffmann (PT-PR) para ser a ministra responsável pela articulação política do governo.
Gleisi é vista pelos colegas de Esplanada como uma política de perfil linha-dura e com capacidade de colocar o que consideram um freio necessário nas questões orçamentárias que envolvem demandas de deputados e senadores.
A percepção é a de que a futura ministra não permitirá́ a expansão de gastos com emendas parlamentares. Essas fontes acreditam que outros dois cotados para o posto, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), e Isnaldo Bulhões (MDB-AL), “jogariam o jogo da Câmara”.
A despeito das duras e frequentes críticas feitas pela atual presidente do PT à política econômica do Ministério da Fazenda, as fontes ouvidas pela CNN pensam que a postura de Gleisi a partir de agora será diferente. Elas afirmam que não existe a possibilidade de a petista ser ministra e criticar a política pública do governo.
Os integrantes da equipe econômica dizem que Gleisi é disciplinada, tem o que chamam de “ética pública que faltava” e creem que ela vestirá a camisa do governo. A avaliação é compartilhada pelo próprio presidente.
No final de janeiro, Lula afirmou que Gleisi “é um quadro muito refinado”. “O pessoal fala: ‘Ah, mas ela é muito radical para ser presidente do PT’. Ora, para ser presidente do PT ela tem que falar a linguagem do PT. Se ela não tivesse assim, que ela fosse para o PSDB”, disse o presidente à época.
Essas fontes acreditam que Gleisi seguirá exatamente as orientações de Lula, inclusive em relação à pauta econômica defendida pelo governo. Para elas, qualquer decisão divergente da futura ministra em relação ao que foi acordado com a Fazenda será por orientação do presidente, não por insubordinação de Gleisi.
Para a equipe econômica, Lula está convencido da necessidade de um ajuste fiscal e do equilíbrio fiscal, e a chegada de Gleisi não vai mudar o entendimento do presidente.
