Raro friso em Pompeia revela rituais secretos de culto a deus do vinho

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Uma nova descoberta nas ruínas de Pompeia lançou luz sobre o lado mais selvagem dos antigos romanos. Um friso extremamente raro conhecido como “megalografia”, ou pintura com figuras em tamanho real, foi descoberto em uma área onde escavações em andamento produziram algumas das descobertas mais importantes do sítio arqueológico.

Descoberto no que antes era um espaçoso salão de banquetes que se abria para um jardim, o friso data do século I a.C., o que significa que tinha quase 100 anos quando o Monte Vesúvio entrou em erupção em 79 d.C., sepultando Pompeia em pedra-pomes e matando mais de 2.000 habitantes.

A mais recente descoberta, na Região IX na parte central da cidade, retrata a procissão de Dionísio, o antigo deus grego do vinho, contra paredes e colunas pintadas em vermelho pompeiano.

As representações mostram sacerdotes e sacerdotisas, conhecidos como bacantes ou mênades, retratados como dançarinos, junto com flautistas, caçadores e caçadoras com animais abatidos sobre os ombros.

Em uma imagem, um caçador balança uma espada da qual pendem vísceras de animais. Em outra, uma figura faz uma oferenda acrobática de vinho, com a libação fluindo atrás dele de um corno de beber.

No centro do friso, ao lado do companheiro de Dionísio, Sileno, está uma mulher. Ela está prestes a ser iniciada nos mistérios de Dionísio, um ritual antigo que usava substâncias intoxicantes para remover inibições. Os iniciados então se tornavam membros de “cultos de mistério”. Seus ritos não podiam ser revelados aos que estavam fora do culto e, portanto, eram fonte de grande fascínio para a população em geral.

Em 186 a.C., o Senado Romano proibiu os ritos, conhecidos como Bacanália, por motivos morais, exceto em circunstâncias especiais. Mesmo assim, eles continuaram, especialmente no sul da Itália.


Algumas das figuras representam sacerdotes e sacerdotisas, assim como músicos e caçadores • Silvia Vacca/Pompeii Sites

Todas as figuras no friso são mostradas em pedestais, e uma segunda fileira de imagens acima das figuras humanas mostra animais – vivos e mortos – bem como criaturas marinhas e frutos do mar em cestos.

Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia, disse que os afrescos eram destinados a deleitar os convidados nos banquetes.

“Assim como quando encontramos uma cópia da Criação de Adão de Michelangelo na parede de um restaurante italiano em Nova York para criar um pouco de atmosfera”, disse ele em um comunicado à imprensa publicado na quarta-feira (26).

“Para os antigos, a bacante ou mênade expressava o lado selvagem e indomável das mulheres: a mulher que abandona seus filhos, a casa e a cidade, que se liberta da ordem masculina para dançar livremente, caçar e comer carne crua nas montanhas e nos bosques”, afirma Zuchtriegel.

“Em outras palavras, o oposto direto da mulher ‘boa’ que emula Vênus, a deusa do amor e do casamento, a mulher que se olha no espelho e ‘se arruma’.”

O ambiente foi nomeado Casa do Tiaso, uma referência à palavra grega para a procissão de devotos de Dionísio, disse o parque arqueológico no comunicado. Será aberto ao público imediatamente, com 15 pessoas admitidas por vez.

“A megalografia fornece mais um vislumbre dos rituais dos mistérios de Dionísio. É um documento histórico excepcional e, junto com o afresco da Vila dos Mistérios, constitui algo único, fazendo de Pompeia um testemunho extraordinário de um aspecto da vida no Mediterrâneo clássico que é amplamente desconhecido”, disse o ministro da Cultura da Itália, Alessandro Giuli, no comunicado.

“Estamos vivendo um momento importante para a arqueologia italiana e mundial que também registrou um forte aumento no número de visitantes.”

Em 2024, mais de quatro milhões de pessoas visitaram o local. Em 2025, o parque limitará os visitantes diários a 20.000 por dia.


Apenas 15 visitantes poderão entrar na sala por vez • Silvia Vacca/Pompeii Sites

A descoberta ocorre mais de 100 anos após um friso semelhante retratando os mistérios dionisíacos ter sido encontrado na chamada Vila dos Mistérios, próxima à entrada principal do parque arqueológico.

Escavações recentes na Região IX, que cobre cerca de 3.200 metros quadrados, revelaram um luxuoso spa, afrescos exóticos em uma vila que estava em reforma quando o Vesúvio entrou em erupção, e uma padaria.

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