À CNN, a defesa de Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira (6) que, entre os pontos que serão abordados, estão o depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e que os advogados não tiveram acesso às acusações anteriormente.
O advogado Paulo Bueno afirmou que é uma defesa atípica: “vamos questionar a maneira como foi feita a delação de Mauro Cid e o cerceamento à defesa”.
Fontes ouvidas pela CNN também afirmaram que os advogados irão questionar vários pontos sobre a delação, que foram rejeitados por ministros durante o julgamento de investigados na Lava Jato.
No dia em que deve se manifestar sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República, relacionada à tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou, nas redes sociais, um áudio do ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, falando da colaboração com a Polícia Federal.
Ao compartilhar o vídeo, Bolsonaro incluiu o texto: “Mauro Cid declara, em áudio, que foi pressionado a concordar com a narrativa da PF ou perderia o acordo como delator”.
Para contestar a acusação de uma tentativa de golpe de Estado e atacar a investigação, aliados de Bolsonaro afirmam que o ex-ajudante de ordens falou sob coação.
A denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, inclui não apenas mensagens e documentos, mas também os depoimentos de Cid e outras testemunhas.
O trecho do áudio divulgado por Bolsonaro foi revelado pela revista “Veja” em março de 2024. Na gravação, o militar faz críticas à condução da Polícia Federal (PF) e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Você pode falar o que quiser. Eles não aceitavam e discutiam. E discutiam que a minha versão não era a verdadeira, que não podia ter sido assim, que eu estava mentindo”, afirmou Mauro Cid na gravação.
“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que confirmasse a narrativa deles”, continuou o ex-ajudante de ordens no áudio vazado.
Após a publicação da gravação, pela revista, o tenente-coronel prestou depoimento ao ministro do STF e reiterou o conteúdo da delação.
Por causa desses áudios, Mauro Cid foi novamente preso, por determinação de Moraes, em 22 de março de 2024. O militar foi solto quase um mês e meio depois, em 3 de maio, também por decisão do ministro, que manteve integralmente o acordo de delação.