O presidente dos EUA, Donald Trump, foi eleito com forte apoio dos produtores rurais americanos que, agora, estão preocupados com as consequências da guerra comercial iniciada pelo republicano. Um dos principais motivos, como destacam sites especializados dos EUA, é que a demanda por produtos agrícolas americanos será afetada, no momento em que os produtores estão decidindo sobre o plantio na safra 2025/26.
Fazer os cálculos de custos de produção com a incerteza sobre quais mercados absorverão os produtos americanos — e a que cotações na bolsa — deixa todos temerosos, resumiu Marty Marr, produtor de milho em Jacksonville, Illinois, ao portal “Agriculture.com”.
A região se beneficia da proximidade com uma linha férrea que leva o cereal à empresa Bartlett, fornecedora do grão para ração animal vendida exclusivamente ao México. Mas agora os produtores aguardam retaliação do México depois que o governo americano impôs tarifa de 25% sobre produtos importados do país.
Guerra comercial
Trump fez o mesmo com produtos canadenses e o Canadá já anunciou em retaliação uma tarifa de 25% sobre US$ 155 bilhões em itens dos EUA. Depois, foi a vez da China. Pequim não só impôs novas taxas de 10% a 15% sobre importações provenientes dos EUA, como também anunciou novas restrições de exportação e de investimento a 25 empresas americanas.
A China decidiu que produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, frutas, vegetais e laticínios terão uma tarifa extra de 10%. Além disso, o país asiático suspendeu a compra de soja de três empresas dos EUA.
O produtor Marr teme que tarifas retaliatórias possam levar o México a comprar mais milho de fornecedores sul-americanos e menos dos EUA. “Seria doloroso. É muito importante mantermos boas relações com eles”, disse.
Illinois é um dos principais fornecedores de milho dos EUA ao México porque é o segundo maior Estado produtor, e tem um centro ferroviário que conecta agricultores a compradores ao sul da fronteira. Segundo a Corn Growers Association, cerca de um terço do milho cultivado em Illinois é exportado.
O presidente do American Farm Bureau, Zippy Duvall, afirmou ao site “Farm Progress” que os agricultores apoiam as metas de Trump para garantir segurança e comércio justo com outros países, mas tarifas adicionais, juntamente com tarifas retaliatórias esperadas, afetarão a área rural. Ele observou que os EUA exportaram em 2024 mais de US$ 83 bilhões em produtos agrícolas para os três países cujos impostos foram elevados.
À mesma publicação e na rede X, o fazendeiro de Dakota do Norte e presidente da American Soybean Association, Josh Gackle, declarou que não se pode eliminar mercados de exportação num momento em que os produtores vivem um aperto. Durante a guerra comercial iniciada por Trump em 2018, muitos agricultores estavam mais bem posicionados para absorver o impacto econômico.
“Desta vez, os preços das commodities caíram drasticamente nos últimos meses. Além disso, com os custos mais altos dos insumos, as margens de lucro da soja e de outras culturas continuam piorando”, afirmou.
Custos também são afetados
A guerra tarifária também pode elevar os custos de produção. O CEO do Fertilizer Institute (TFI), Corey Rosenbusch, afirmou à “AgWeb” que as tarifas afetarão os fertilizantes essenciais não só para o cultivo de commodities, mas também de alimentos para as famílias americanas. Segundo ele, 85% do potássio usado nos EUA vêm do Canadá.
O TFI defende que o governo Trump dê aos fertilizantes canadenses uma isenção estratégica dessas tarifas, por meio da designação como minerais essenciais. “Com a temporada de plantio da primavera se aproximando e a agricultura dos EUA continuando a enfrentar dificuldades, manter cadeias de fornecimento de fertilizantes confiáveis e econômicas é essencial para garantir uma colheita produtiva e proteger os agricultores americanos de tensões financeiras desnecessárias”, disse Rosenbusch à “AgWeb”.
