A investigação sobre o assassinato do advogado Renato Gomes Nery, de 72 anos, tomou um rumo chocante. Exames periciais revelaram que os projéteis encontrados no corpo da vítima são provenientes de um lote de munição da Polícia Militar de Mato Grosso, destinado ao Batalhão Rotam. A arma utilizada no crime, uma pistola Glock, também pertencente à PM, foi entregue por policiais da Rotam seis dias após o assassinato, em uma ocorrência que agora levanta suspeitas de ter sido forjada.
Quatro policiais militares, que participaram desse suposto confronto, estão entre os presos na operação policial realizada ontem. Eles são suspeitos de terem implantado a arma na cena do crime, atribuindo-a às vítimas do confronto. Além disso, esses policiais são investigados por outra ocorrência em que uma pessoa morreu e outra ficou ferida.
As prisões realizadas ontem incluíram um homem apontado como o autor dos disparos que mataram o advogado. Ele trabalhava como caseiro em uma chácara alugada por um policial militar que, na época do crime, atuava no setor de inteligência da Rotam. Esse policial também teve a prisão decretada e é considerado foragido.
A situação levanta suspeitas de vazamento de informações da operação policial, já que um dos policiais presos foi afastado da equipe de segurança do governador horas antes da operação. Durante buscas na chácara alugada pelo policial, foi encontrada uma placa de identificação da Rotam, indicando que o local era usado para encontros de uma associação criminosa.
O policial militar foragido e outros dois policiais investigados pelo assassinato do advogado também respondem por outros homicídios ocorridos em supostos confrontos. Além disso, o policial foragido tem uma condenação por tráfico de drogas.
As investigações da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) apontam que a motivação do crime foi uma disputa de terras. O policial militar foragido teria sido contratado para executar o advogado, mas teria terceirizado o serviço para o seu caseiro, que também era seu comparsa no tráfico de drogas.
O policial foragido teria fornecido a moto e a arma para o caseiro e o ajudado a planejar a fuga. A moto foi apreendida pela polícia e estava parcialmente desmontada. Imagens de câmeras de segurança mostraram a moto sendo usada na fuga após o crime.
O delegado responsável pela investigação informou que a rota de fuga do assassino foi esclarecida e que as investigações continuam para concluir o caso. A polícia não divulgou informações sobre possíveis mandantes do crime.
O advogado assassinado era ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Mato Grosso (OAB-MT) e foi morto a tiros ao chegar em seu escritório. Ele chegou a ser socorrido, mas morreu horas depois.