Mais companhias aéreas dos EUA cortaram suas estimativas de lucros nesta terça-feira (11), após anúncio semelhante da Delta Air Lines dizendo que a crescente incerteza econômica levou à retração nos gastos corporativos e de consumo.
As empresas também alertaram que as pressões econômicas de curto prazo levariam o setor a reduzir ainda mais a capacidade após o pico de viagens do verão, para evitar qualquer pressão por descontos.
A confiança do consumidor e do empresariado nos EUA enfraqueceu em razão das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump e das ameaças de taxas adicionais, além de preocupações crescentes sobre preços mais altos.
O rastreador do Produto Interno Bruto GDPNow, do Federal Reserve de Atlanta, sugere que a economia norte-americana pode encolher nos primeiros três meses do ano.
Como os gastos com viagens acompanham de perto a atividade econômica mais ampla, investidores e analistas dizem que uma recessão significaria problemas para a indústria aérea. A receita das companhias aéreas vindas do governo já foi afetada devido ao endurecimento dos gastos federais desde o retorno de Trump à Casa Branca.
“A incerteza econômica é um grande problema”, disse o CEO da American Airlines, Robert Isom, em conferência do setor realizada pelo JPMorgan.
Isom e o CEO da Delta, Ed Bastian, também mencionaram acidentes aéreos e eventos climáticos recentes como fatores que contribuíram para diminuir a demanda por viagens.
Nesta terça-feira a American projetou uma perda maior no primeiro trimestre em razão de forte desaceleração na receita. A Southwest Airlines também cortou sua previsão de receita para o primeiro trimestre, citando menos viagens ligadas ao governo e um impacto maior dos incêndios florestais na Califórnia.
Já a United Airlines disse que seus lucros do primeiro trimestre agora devem ficar na extremidade inferior de sua previsão, por conta da queda de 50% nas reservas de viagens relacionadas ao governo. A companhia aérea disse ainda que os gastos reduzidos do governo também estavam tendo um efeito cascata no mercado doméstico de lazer.
Na segunda-feira (10), a Delta cortou suas estimativas de lucro do primeiro trimestre pela metade, dizendo que a demanda por viagens domésticas diminuiu.
Os cortes marcam um forte contraste em relação a um período recente, quando a capacidade limitada do setor e a forte demanda do consumidor reforçaram o poder de precificação das companhias aéreas, aumentando a perspectiva de um aumento nos lucros ao longo de vários anos.
Rota
Desde então, preocupações com gastos com viagens derrubaram ações de companhias aéreas, e a liquidação de papéis acelerou na terça-feira.
As ações da Delta, que caíram 29% no último mês, cederam outros 8% durante a sessão. As ações da United, que perderam 28% em valor desde 10 de fevereiro, caíram 5%, enquanto a American cedeu 6%.
As ações da Southwest desafiaram a tendência e subiram 7% depois que a empresa abandonou sua política de despacho gratuito de malas em uma tentativa de aumentar a receita.
Medidas
As companhias aéreas disseram que as reservas para viagens internacionais premium e de longa distância ainda estão se mantendo, acrescentando que a queda nos preços dos combustíveis ajudaria a mitigar a desaceleração da demanda. No entanto, elas estão tomando medidas adicionais para proteger as margens.
A Delta disse que fez mudanças em sua estratégia de reservas. Já a American ajustou sua capacidade na área de Washington, que tem sido um de seus mercados mais lucrativos, como resultado da fraqueza nas reservas relacionadas ao governo.
A United disse que reduziu a capacidade em mercados governamentais e transfronteiriços e que planeja cancelar voos noturnos. A companhia aérea também está aposentando 21 aeronaves antes do previsto, para economizar em custos de manutenção.
“A indústria está evoluindo para um lugar onde as pessoas focam em sua vantagem comparativa”, disse o CEO da United, Scott Kirby, na conferência do JPMorgan. “Vamos acelerar isso… à medida que passamos pelo que parece ser um momento econômico mais difícil pela frente.”