Um relatório recente da Polícia Civil de Mato Grosso revelou um dado preocupante, porém, eficaz: a instituição conseguiu esclarecer 100% dos 47 casos de feminicídio ocorridos no estado em 2024. Além disso, 73% dos autores dos crimes foram presos, demonstrando um trabalho investigativo ágil e preciso.
O levantamento da Diretoria de Inteligência da Polícia Civil identificou 49 autores de feminicídios, já que dois dos 47 crimes tiveram dois autores cada. Essa precisão na identificação dos criminosos é crucial para garantir que a justiça seja feita e para prevenir futuros crimes.
Os dados do relatório também revelaram um padrão alarmante: 55% dos autores dos crimes já tinham antecedentes criminais, e 45% já haviam cometido violência doméstica contra suas parceiras. Esse histórico de violência demonstra a importância de medidas preventivas e de proteção às mulheres em situação de risco.
Apesar do sucesso na resolução dos casos, o relatório também expôs a dura realidade do feminicídio em Mato Grosso. 20% dos autores dos crimes estão mortos, sendo 16% por suicídio após cometerem os crimes. Esse dado ressalta a necessidade de atenção à saúde mental dos homens e de políticas públicas que promovam a igualdade de gênero e o respeito às mulheres.
A Polícia Civil informou que 96% dos autores de feminicídios de 2024 já foram indiciados, e os inquéritos foram remetidos ao Poder Judiciário. Os 4% restantes das investigações estão em fase de conclusão, mas com a autoria e a dinâmica já identificadas e esclarecidas. Esse trabalho demonstra o compromisso da instituição em garantir que os responsáveis pelos crimes sejam punidos.
Suspeitos já tinham históricos de violência contra as mulheres
55% dos autores dos crimes já tinham antecedentes criminais, sendo que 45% já haviam cometido violência doméstica contra suas parceiras atuais ou passadas.
Quando somada a violência familiar à doméstica, o número fica ainda mais alarmante: 76% dos assassinos já tinham passagem por crimes desse tipo (ameaça, injúria, lesão corporal, violência psicológica, violação de domicílio, calúnia, difamação, etc.) antes do assassinato ligado ao gênero.
Idade, cor, escolaridade e profissão
Quanto à idade, 67% dos feminicídas tinham idades entre 30 e 49 anos, 18% entre 18 e 29 anos, 12% entre 50 e 60 anos e somente 2% (um caso) era menor de idade.
A cor predominante entre os autores é a parda (73%), seguida pelos pretos (16%) e, por último, os brancos (10%).
O relatório também apontou o grau de escolaridade dos autores. 59% estudou até o ensino fundamental, 20% cursou até o ensino médio e somente 6% tinha formação no ensino superior. Em 14% dos casos, o dado não foi encontrado.
Além disso, 80% dos feminicídas tinham trabalho e renda financeira. As atividades profissionais dos autores são variadas, sendo pedreiro e operador de máquina as mais comuns entre todas. Sete não informaram nenhum dado quanto a profissão e somente três dos 49 suspeitos eram desempregados.
Os dados do relatório trazem uma análise sobre os feminicídios em Mato Grosso, apresentando padrões que levaram aos crimes, para criar estratégias para proteger as mulheres e combater a violência a doméstica e estrutural.
“Nunca é demais afirmar que o assassinato de mulheres e meninas é a manifestação de uma cultura de ódio expressada em formas diversas de discriminações de gênero. Esse fenômeno indica a urgência de medidas e ações interseccionais e intersetoriais, bem como do envolvimento de toda a sociedade no enfrentamento à violência de gênero e na prevenção desse fenômeno cultural que se manifesta nas relações sociais”, diz trecho do relatório.
Quebre o ciclo
Quando uma mulher sofre violência doméstica e familiar, ela pode buscar auxílio do Estado de forma presencial nas delegacias de Defesa da Mulher, núcleos de defesa da mulher ou delegacias municipais, ou por meio virtual pela Delegacia Digital.
As mulheres também podem buscar auxílio do SOS Mulher, disponível tanto pelo site, quanto por aplicativo de celular.
A partir deste momento, ela é ouvida e o profissional responsável entende quais providências ela necessita, elaborando o pedido de medida protetiva, caso desejado. Também há o encaminhamento desta vítima para uma rede de proteção.
Além do atendimento na unidade policial, a vítima de violência doméstica poderá ser encaminhada ao atendimento jurídico, psicológico, psicossocial e, caso necessário, também receberá o amparo assistencial fornecido pelo programa SER Família Mulher, que fornece um auxílio financeiro para a mulher sair de casa e não depender do agressor.