A perspectiva de safra recorde deve ser um dos motores do crescimento da indústria de fertilizantes neste ano, avalia Eduardo Monteiro, executivo que comanda a Mosaic no Brasil e no Paraguai. Ainda que as vendas dos insumos para a atual safra já tenham ocorrido, a safra histórica deve engordar a demanda pelos nutrientes que os produtores vão aplicar nas lavouras no próximo ciclo.
“Uma safra recorde significa que as plantas vão retirar mais nutrientes do solo. Os produtores vão precisar repor esses nutrientes”, disse Monteiro.
Em 2024, as entregas de fertilizantes no Brasil foram de 45,6 milhões de toneladas, o segundo maior volume da história. O executivo acredita que há espaço para as entregas chegarem a até 46 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde.
De acordo com a estimativa mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de fevereiro, o Brasil deverá colher 325,7 milhões de toneladas de grãos no ciclo 2024/25. Caso se confirme, a colheita será 9,4% maior do que a da temporada anterior. Até hoje, a maior safra brasileira foi a de 2022/23, quando a produção chegou a 322,8 milhões de toneladas.
Outro fator que pode reforçar as vendas da indústria de fertilizantes é a melhora da relação de troca entre grãos e insumos que se registrou desde o início da atual temporada. Na bolsa de Chicago, referência para a formação de preços no mundo, a soja acumulou queda de 3,1% nos últimos 30 dias, mas a cotação atual é 0,5% maior do que a de seis meses atrás, quando os produtores brasileiros começaram o plantio da safra 2024/25. Já os preços do milho recuaram 2,8% nos últimos 30 dias, mas já subiram mais de 13% nos últimos seis meses.
Os produtores de soja e milho respondem por 60% da demanda por fertilizantes no país, lembra o executivo, que é também presidente do conselho de administração da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), entidade que representa as indústrias do segmento. “O preço do milho teve uma forte reação. A tendência é que o produtor que planta soja na safra de verão e milho na safrinha tenha uma boa rentabilidade”, afirmou. Já os preços das principais matérias-primas da indústria de fertilizantes mostram certa estabilidade ou, em alguns casos, até recuaram desde o ano passado, observou o executivo.