A consultoria Datagro estimou que a produção de cana-de-açúcar do Centro-Sul da safra 2025/26, que começa oficialmente em abril, deve ficar muito próxima da temporada passada, com uma maior produção de açúcar e uma oferta de etanol sustentada pela produção a partir do milho.
As usinas devem processar 612 milhões de toneladas de cana, apenas 1,4% abaixo da safra atual (2024/25). Com uma projeção de teor de sacarose quase estável, a oferta total de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) deve cair também 1,4%, para 86,29 milhões de toneladas.
Segundo Plinio Nastari, presidente da Datagro, as condições médias dos canaviais do Centro-Sul estão em linha com a safra passada, mas há uma heterogeneidade grande entre as macrorregiões, principalmente nas lavouras que serão colhidas no primeiro terço da safra. As chuvas de janeiro e fevereiro ficaram abaixo da média, mas o volume acumulado desde outubro está 10,4% acima do normal, somando 1.033 milímetros, o que ainda dá conforto para a perspectiva de uma safra mais estável.
Porém, Nastari ressalta que as chuvas da segunda metade de março e de abril serão determinantes para a produtividade da safra. Para abril, as previsões meteorológicas indicam chuvas abaixo do normal no Paraná e no sul de São Paulo. Em maio, a situação deve se repetir, estendendo-se para o Mato Grosso do Sul.
Mesmo com uma oferta total de cana menor, a Datagro estima que as usinas devem aumentar a produção de açúcar em 5,9%, para 42,35 milhões de toneladas, com um mix mais açucareiro do que na safra atual, para 51%. Atualmente, a exportação de açúcar VHP ainda paga um “prêmio” sobre o etanol hidratado em São Paulo de 458 pontos equivalentes ao preço do açúcar no mercado internacional. Um ano atrás, essa diferença chegou a 800 pontos, mas as usinas acabaram produzindo mais etanol porque a seca afetou a capacidade de produção de açúcar.
O menor direcionamento da cana para a produção de etanol não deve impactar de forma significativa a produção total do biocombustível, por causa do aumento da produção a partir do milho. Nas projeções da Datagro, o Centro-Sul vai produzir 34,71 bilhões de litros de etanol, apenas 0,3% a menos do que na safra atual, sendo que a produção a partir do milho deve saltar 24,5%, para 10,16 bilhões de litros.
A Datagro estima que as usinas priorizarão a produção de etanol anidro (misturado à gasolina), que deve crescer 3,2%, para 12,76 bilhões de litros, enquanto a produção de etanol hidratado deve cair 2,2%, para 21,95 bilhões de litros.
