José Sarney revelou detalhes, em depoimento dado à Fundação Ulysses Guimarães, vinculada ao MDB, sobre os momentos que antecederam sua posse como presidente do Brasil em 1985, após o falecimento de Tancredo Neves. O político, que assumiu o primeiro governo civil após a ditadura militar, admitiu não estar preparado para a morte de Tancredo.
“Eu fui o último a acreditar que o Tancredo ia morrer. Eu não estava preparado para aceitar a morte do Tancredo”, afirmou Sarney.
Relutância em assumir a presidência
Sarney expressou sua hesitação inicial em assumir a presidência: “Não quero subir sozinho. Eu não quero aparecer como um impostor perante a nação. Não sou homem para isso”.
Ele relatou as pressões que sofreu para aceitar o cargo, incluindo uma ligação decisiva às 3 horas da manhã, do então ministro do Exército, Leônidas Pires Gonçalves, quando foi informado que todas as tratativas para sua posse já haviam sido feitas.
“Eu disse: ‘Leônidas [Pires Gonçalves], você sabe que eu não quero assumir, vai ser muito ruim para mim””. A conversa terminou com o então ministro encerrando o assunto: “Não cria mais caso, Sarney. Boa noite, presidente”.
Em um texto inédito para a CNN Brasil, Sarney reflete sobre os 40 anos da redemocratização, afirmando: “A democracia não morreu em minhas mãos, ao contrário, floresceu”. Ele destaca os desafios enfrentados após um regime autoritário e as conquistas de seu governo, como a criação do SUS, do seguro-desemprego e programas sociais significativos.
“Deixei o governo, em 1990, com o País pacificado, sem nenhuma prontidão militar, com os militares voltando aos quartéis, os partidos clandestinos, à legalidade, com anistia para os sindicatos”, afirmou o ex-presidente.