O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) fechou sua participação na Expodireto Cotrijal registrando R$ 278,7 milhões em novos financiamentos. Mesmo diante do cenário de perdas na safra de grãos por conta de uma nova estiagem que afeta o Rio Grande do Sul, o volume de negócios nos cinco dias de feira supera em 8,2% o montante alcançado na última edição. A necessidade de crédito emergencial para capital de giro representou a maior demanda que chegou ao banco durante a Expodireto. Ao todo, o BRDE celebrou R$ 70 milhões em operações para atenuar os impactos dos últimos eventos climáticos sobre a produção. É o caso da Cotrijal que buscou junto ao BRDE uma linha no valor de R$ 50 milhões, cujo termo foi celebrado em ato com a presença do governador Eduardo Leite. A Cotrijal ainda firmou outra operação de R$ 22 milhões para ampliação e modernização de seis unidades de recebimento de grãos.
Na avaliação do diretor-presidente do BRDE, Ranolfo Vieira Júnior, o desempenho alcançado durante a Expodireto confirma a capacidade de resiliência da cadeia do agronegócio. “Mesmo com todos os desafios que o clima nos impõe, representa uma demonstração de confiança do setor. Apesar das recentes elevações da taxa Selic, o que restringe o acesso ao crédito, percebemos também uma demanda por investimentos voltados aos ganhos de produtividade no campo, o que é estratégico para a nossa economia”, frisou Ranolfo.
Os projetos para construção de silos e unidades de recebimento de grãos representou o segundo segmento mais demandado durante a Expodireto, com R$ 62,7 milhões (22% do total). Linhas para aquisição de máquinas e equipamentos vêm na sequência, com R$ 55,5 milhões em propostas recebidas pelo banco (20%). A demanda por financiamento para projetos de inovação seguiu com destaque na atuação do BRDE durante a feira, com R$ 38,7 milhões. Os pedidos estão relacionados em especial para desenvolvimento de novos produtos e modernização dos processos industriais (Indústria 4.0). Já os novos financiamentos para construção e ampliação de unidades industriais somaram R$ 32 milhões. Os projetos de geração de energia com fontes renováveis totalizaram R$ 19,9 milhões em demanda.
A partir de uma carta fiança aprovada pelo BRDE, a Cooperativa Tritícola Sepeense (Cotrisel) terá acesso a uma linha de R$ 20 milhões em crédito emergencial. O recurso irá auxiliar a cooperativa, com sede no município de São Sepé, a enfrentar os impactos dos últimos eventos climáticos na produção de grãos na região central do estado. Com 64 anos de atividade, a Cotrisel está entre as maiores cooperativas agrícolas do estado, reunindo mais de 7.400 associados. Atuando em especial no beneficiamento e comercialização de arroz, a Cotrisel tem uma capacidade instalada de armazenar mais cinco milhões de sacas de grãos (275 mil toneladas). A cooperativa atua, também, na comercialização de soja, trigo, milho e sorgo, além da fabricação de rações e na assistência técnica aos produtores rurais. Além de São Sepé, a Cotrisel tem unidades nos municípios de Formigueiro, Restinga Sêca, São Gabriel, São Pedro do Sul, São Vicente do Sul e Vila Nova do Sul. “Esse aporte de recursos em favor dos nossos produtores é muito importante para a retomada. Mesmo com as perdas recentes na produção, acreditamos que estamos perto de uma normalização no nosso setor”, acredita o presidente da cooperativa, José Paulo Salermo.
Fundopem
Com a presença do governador Eduardo Leite, foi assinado o termo de ajuste para implementação de R$ 20,6 milhões oriundos de três projetos aprovados pelo Fundo Operação Empresa do Rio Grande do Sul (Fundopem), sendo um na modalidade Tradicional e dois na versão Recupera (exclusivo para empresas localizadas em municípios impactados pela enchente). O ato ocorreu no início da semana. Na modalidade Tradicional, a Dubai Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios, de Ijuí, vai realizar um investimento de R$ 4,2 milhões. No formato do Recupera, a Fontana, de Encantado, fará um aporte de R$ 11,3 milhões, ao passo que a Travicar Tecnologia Agrícola, de Porto Alegre, investirá R$ 5 milhões.
Ângelo Fontana, sócio proprietário da Fontana, empresa que virou símbolo de resiliência por ter sido atingida por três enchentes, agradeceu em nome dos empresários beneficiados e falou sobre a reconstrução das empresas gaúchas após os eventos adversos. “Tenho muita esperança que nós vamos superar nossas dificuldades. O Rio Grande do Sul é muito forte e nós somos resilientes”, concluiu. Também participaram da solenidade o gerente da Dubai Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios, Marcos Antonio Trevizan, e o consultor da Travicar Tecnologia Agrícola, William da Silva.