Culpar a produção é só uma cortina de fumaça para esconder a real causa do aumento dos preços dos alimentos: o rombo fiscal. A avaliação é do diretor-executivo da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Wellington Andrade. Segundo ele, o governo federal “precisa fazer o seu dever de casa” e cortar despesas.
Em entrevista ao programa Direto ao Ponto desta quinta-feira (20), Andrade salienta ainda que, se diminuir gastos e equilibrar as contas fiscais, o governo federal pode, inclusive, “voltar a ganhar confiança internacional”.
“Essa questão de que a culpa é da produção de alimentos é só um pano de fundo para esconder a real causa. O governo tem sim que cortar despesas. Tem que cortar na carne. É assim que a inflação vai baixar e naturalmente os preços dos alimentos baixarão”.
O diretor-executivo da Aprosoja-MT lembra que os preços das commodities são balizados por uma bolsa internacional, a exemplo da soja na Bolsa de Chicago. Ou seja, não é o produtor rural quem define os preços.
“O produtor na verdade é um tomador de custo e não de preço. Então, primeiro, há uma regra internacional onde os preços são definidos. Segundo, se você pegar a questão do milho, o Brasil tem excedente de milho. Se tem excedente de alimento e o alimento está subindo, a culpa não é da produção de alimento. A culpa vem de uma outra causa, menos da produção de grãos”.
Ainda de acordo com Andrade, “é muito mais fácil colocar a culpa nos outros do que assumir a própria culpa”.

Tributar exportações pode travar a produção
Um dos receios do setor produtivo brasileiro, em especial o mato-grossense, que é líder na produção de soja, milho, algodão e carne bovina no país, é quanto a uma possível tributação das exportações, pois travaria a produção de alimentos.
“Aí sim, nós vamos ter um problema muito mais sério em relação à inflação de alimentos. Esperamos que o governo não opte por taxar as exportações. Muita gente vai sair da atividade, vai ter concentração e possivelmente diminuição da produção de alimentos”, pontua Andrade ao programa do Canal Rural Mato Grosso.
Outro fator que pode gerar, caso tal decisão venha a ser tomada pelo governo brasileiro, é a redução da competitividade do Brasil em relação aos seus concorrentes, principalmente os Estados Unidos.
“A atividade vai começar a ficar inviável. Vamos ter um custo de produção alto. Em Mato Grosso, estamos melhorando muito, mas ainda falta bastante essa questão da logística, principalmente das estradas. Então, para Mato Grosso é uma situação difícil”.
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