O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou, nesta quarta-feira (19/3), que a China deverá habilitar “algumas dezenas” de frigoríficos brasileiros de carne bovina em 2025. Segundo ele, foi enviada uma nova lista com 44 unidades industriais que já cumpriram regras sanitários e agora aguardam aval de Pequim. A guerra comercial de chineses e norte-americanos pode favorecer os empresários nacionais.
“Devemos ter algumas dezenas de plantas habilitadas neste ano, gerando mais oportunidades para nossos produtores”, disse Fávaro, durante audiência pública no Senado Federal. “Nesta gestão, já tivemos 48 novas plantas habilitadas. Deve aumentar”, completou.
Fávaro disse que o momento de tensão entre o governo chinês e o dos Estados Unidos pode ajudar o Brasil a ganhar espaço no país asiático, que já é o maior comprador da carne bovina brasileira. O ministro da Agricultura confirmou a informação antecipada pela reportagem nesta quarta-feira (19/3), de que a China não renovou a habilitação de frigoríficos norte-americanos.
“Eles adotam modelo de pré-listing, e a de bovinos não foi renovada. Cerca de 400 plantas frigoríficas norte-americanas foram desabilitadas. Isso reforça a grande oportunidade [para o Brasil]”, afirmou.
Ao mesmo tempo em que reavalia suas expectativas em relação à China, o Brasil tenta a liberação do mercado japonês para a carne bovina. Na semana que vem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará em missão oficial ao Japão. Cerca de 40 empresários estarão em Tóquio, capital do país, cumprindo agenda paralela à oficial. Eles querem articular um encontro em uma churrascaria brasileira, com a presença de Lula, na tentativa de avançar nas negociações bilaterais.
O acesso ao Japão é uma demanda antiga da indústria brasileira. No entanto, não se espera que o governo volte dessa viagem com uma solução, embora o ambiente seja considerado favorável à abertura de mercado. Os empresários avaliam que todas as questões técnicas e sanitárias foram superadas, mas o governo japonês deverá anunciar “apenas” o envio de uma comitiva ao Brasil ainda em 2025 para auditoria em frigoríficos.
Carlso Fávaro confirmou que estará na comitiva oficial da viagem ao Japão, que embarca sábado (22/3). O ministro da Agricultura não indicou ter a expectativa de uma conclusão das conversas com as autoridades japonesas. Disse apenas que a pauta principal será tentar subir “mais um degrau”. Inicialmente, a ida à capital japonesa não estava em sua agenda. Apenas a agenda no Vietnã, onde a comitiva de Lula terá compromissos a partir de sexta-feira (28/3).
“Viajo ao Japão na busca de avançar mais um degrau na abertura de carne bovina e na certeza de que estamos a um passo de abertura de mercado ao Vietnã”, disse. “O potencial de aumento da demanda de exportação é de 30%, sobre as atuais 2,8 milhões de toneladas, com a futura abertura de mercado desses dois países, mais Coreia do Sul e Turquia, que seguem no radar,” acrescentou.
Novo SIF
Também durante a audiência no Senado, o ministro Carlos Fávaro anunciou para a quinta-feira (20/3), o lançamento do SIF simplificado, que promete deixar mais rápido o registro de estabelecimentos comerciais de proteína animal. Segundo o ministro, a análise será totalmente digital e o registro no Serviço de Inspeção Federal (SIF) poderá ser obtido em “minutos” por empresários que desejam abrir unidades produtoras de carnes, embutidos e lácteos, por exemplo.
“Aquele processo que precisar de análise, terá agilidade da equipe do ministério, completamente digital”, disse Fávaro. O projeto faz parte da chamada SDA Digital, que pretende digitalizar todos os processos da Secretaria de Defesa Agropecuária do ministério ainda em 2025.
O ministro prometeu para maio deste ano o lançamento do Sistema Unificado de Informação, Petição e Avaliação Eletrônica (Sispa), previsto na Nova Lei de Agrotóxicos (14.785/2023). Segundo Fávaro, a ferramenta vai unificar processos de registro de novos pesticidas.
Atualmente, as solicitações entram em três filas: Ministério da Agricultura, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Será a modernização de novos pesticidas, vamos sair do pingue-pongue [dos pedidos de registros]”, disse na audiência. “O sistema será usado pelo ministério, Anvisa e Ibama, com a centralização de solicitações em um único sistema, redução da burocracia e aumento da eficiência”, completou Fávaro.