Clima adverso gera incertezas e agricultores freiam vendas em Mato Grosso

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O clima em Mato Grosso segue desafiando os produtores de soja. O risco de perdas na safra aumenta a apreensão no campo e trava a comercialização do grão no estado.

De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), até fevereiro o estado havia comercializado 54,97% da produção projetada em 49,615 milhões de toneladas para esta safra 2024/25.

Em várias regiões do estado, o excesso de chuvas tem comprometido a colheita, o que leva os agricultores mato-grossenses a adotarem a cautela e esperar a confirmação da colheita antes de fechar novos negócios.

O produtor Célio Riffel, de Sinop, está em meio aos produtores do estado que colocaram o pé no freio quanto a comercialização da soja por cautela, visto o temor de não ter grãos suficientes para entregar. O solo encharcado vem atrapalhando a entrada das máquinas no campo, atrasando o escoamento da produção em diversas regiões de Mato Grosso.

Célio comenta que ainda conta com 40% da produção de soja desta safra 2024/25 para ser comercializada. Além da dificuldade de colher e escoar, os preços também impactam na hora de vender o grão.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

“Tem dias que nem aparece preço. Parece que a demanda está enfraquecida. Dependendo das notícias aparecem alguns de novo, mas aí o preço já caiu mais um tanto. É bem complicado fazer uma média preço esse ano. Tem que estar bem ligado. O contrato que está feito tem que ser cumprido e depois na sequência vender o restante”, diz o produtor ao projeto Soja Brasil.

Ainda conforme o produtor de Sinop, não há chances para erro nesta temporada, pois os custos seguem elevados.

“Eu diria que que colher abaixo dos 70 (sacas por hectare) na propriedade já vai ter algum problema para honrar os seus compromissos botando o custo operacional, os arrendamentos, prestação de maquinário, o custo direto que são os defensivos, adubos, sementes… Não tem chance de errar. Tem que fazer de tudo para acertar o máximo possível”.

As preocupações em Nova Mutum e Sorriso não são diferentes. Por lá, também tem produtor frustrado com o atual cenário tanto de desvalorização da soja quanto com o mercado comprador.

“Todos esses problemas que estamos tendo e o preço não fecha, não melhora, não sobe. O mercado parece que não está vendo isso. Está esperando o que vai acontecer no final, a quantidade que deu a produção nossa sair. Aqueles que não compraram pode ser que vão pagar um pouquinho mais. É o que a gente espera “, comenta o produtor e presidente do Sindicato Rural do município, Paulo Zen.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Segundo ele, Nova Mutum comercializou em torno de 50% da produção e o produtor “está bem mais cauteloso em relação às vendas”.

“Até porque não sabe o que vai colher. Os compromissos deles estão bem escalonados, então ele vai procurar vender mais perto de cumprir os compromissos”.

Em Sorriso, município que mais produz soja no Brasil, a comercialização do grão atingiu os mesmos patamares. O volume, relata o presidente do Sindicato Rural, Diogo Damiani, ao programa do Canal Rural, é considerado bem abaixo das médias registradas nos últimos cinco anos.

“O produtor está mais cauteloso. Nós chegamos a em torno de 50% da safra comercializada, um pouco acima do que foi o ano passado. Mas, ano passado, por conta da seca, gerou menos volume de grãos e, automaticamente, diminuiu mais a porcentagem”.

Diogo Damiani frisa também que o preço pago pela saca de 60 quilos também é motivo para a cautela em Sorriso. A expectativa, salienta ele, é que os preços possam retomar os seus valores.

“E, também cauteloso por conta das quebras de safras que nós tivemos. Então, o produtor para não sofrer alguma sanção ou alguma penalidade por algum contrato não cumprido é normal que ele segure mais as vendas”.

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Foto: Pedro Silvestre/Canal Rural Mato Grosso

Necessidade de rentabilidade na soja

Em Sorriso, comenta o presidente do Sindicato Rural, o custo operacional efetivo gira em torno de 55 a 57 sacas por hectare, com taxas de juros consideradas bem elevadas. O que acabou obrigando os produtores a buscarem recursos o ano passado para poder cumprir os seus compromissos, aumentando assim a necessidade de rentabilidade nesta temporada.

“Então a gente precisa sim ter uma safra satisfatória para que o produtor mantenha os seus negócios saudáveis. Precisamos, também, de uma cultura de segunda safra rentável tanto o milho quanto o algodão, para que consigamos fazer os nossos investimentos e também proporcionar investimentos e desenvolvimento para o município e toda a região”.


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Canal Rural Mato Grosso

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