O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (27) que não há dissonância entre as falas dele e do presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, com relação à condução da política monetária.
“As declarações que eu dei recentemente sobre a conduta do Banco Central vão na mesma direção. Não vejo dissonância entre nossas falas, muito pelo contrário, estamos todos com o mesmo objetivo: cumprir o novo regime de metas que foi estabelecido“, afirmou o ministro.
Haddad foi questionado sobre as declarações de Galípolo sobre seu protagonismo em elevar a taxa de juros em 1 ponto percentual na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de dezembro, a última sob a presidência de Roberto Campos Neto.
Em coletiva de imprensa para comentar os dados do Relatório de Política Monetária, Galípolo afirmou que teve um papel de destaque na decisão de elevar a Selic e descartou que a alta fosse uma mera continuidade da gestão anterior.
“Eu já havia dito em dezembro que o Roberto tinha sido generoso de, já na última reunião, permitir que eu pudesse assumir um papel maior de protagonismo ao longo da discussão do Copom. Para além disso, […] as decisões têm sido unânimes há algum tempo”, disse Galípolo, que foi questionado sobre a declaração de Haddad de o atual presidente não dar um “cavalo de pau” no guidance anterior.
O ministro também destacou que tanto ele quanto Galípolo compartilham da visão de que a política monetária precisa ser mais racionalizada, alinhando-se às melhores práticas internacionais.
Segundo Haddad, o objetivo é garantir uma trajetória mais sólida para a política macroeconômica do Brasil, o que inclui a manutenção de uma estratégia de metas que favoreça a estabilidade e previsibilidade da inflação.
Haddad reforçou ainda que, com a adoção de um regime de metas mais rígido e contínuo, o Banco Central ganha maior inteligência e flexibilidade para cumprir sua missão.
“O que estamos fazendo não é nada diferente do que já ocorre no resto do mundo. O Brasil, antes, era uma anomalia em termos de regime de metas, mas hoje estamos coordenados com as práticas globais, o que dá liberdade para a política monetária trabalhar com uma trajetória mais consistente”, explicou.
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