HANÓI, 28 de março (Reuters) – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na sexta-feira que o Vietnã pode comprar a Embraer aviões e se tornar um centro regional para as operações de processamento de carne brasileiras, quando se encontrou com o presidente do Vietnã, Luong Cuong, em Hanói.
Lula também reconheceu o país comunista como uma economia de mercado, convidou o Vietnã para participar de uma cúpula do BRICS no Brasil no final deste ano e prometeu um acordo comercial do Mercosul com Hanói.
A segunda visita de Lula ao Vietnã acontece no momento em que Hanói, sob pressão do governo Trump para reduzir seu grande superávit comercial, prometeu aumentar as importações dos EUA, incluindo produtos agrícolas como a soja, da qual o Brasil é um dos principais exportadores para o país.
Em entrevista coletiva com Lula, Cuong disse que o Vietnã estava “considerando seriamente” permitir a entrada de carne bovina brasileira no país.
“Abrir o mercado vietnamita para a carne bovina brasileira atrairia investimentos de frigoríficos brasileiros para tornar este país uma plataforma de exportação para o Sudeste Asiático”, disse Lula.
Gigante brasileira de alimentos JBS está considerando construir uma fábrica de processamento de carne no norte do Vietnã, a primeira na Ásia, caso o Vietnã abra seu mercado para a carne bovina brasileira, informou a Reuters na semana passada citando fontes.
Lula também disse estar ciente de que a transportadora aérea de bandeira Vietnam Airlines estava “avaliando positivamente a oferta da Embraer” por jatos regionais, observando que o Brasil queria exportar aviões para Hanói.
A fabricante brasileira de aviões está em negociações para a possível venda de dez jatos narrow-body E190 para a Vietnam Airlines, disse uma autoridade brasileira à Reuters na semana passada. As duas empresas não comentaram.
A Embraer e a JBS fazem parte de uma grande delegação empresarial que acompanha Lula em sua viagem ao Vietnã.
Os dois países assinaram um plano de ação de cinco anos, que, segundo autoridades, se concentra em defesa, agricultura, energia e tecnologia, além de outros pactos, incluindo um sobre cooperação no futebol.
Lula convidou o Vietnã para a cúpula do BRICS que o Brasil sediará em julho. O primeiro-ministro do Vietnã, Pham Minh Chinh, participou de uma cúpula do BRICS como observador pela primeira vez no ano passado, mas Hanói até agora não aceitou um convite para se tornar um parceiro formal do clube liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Cuong não fez nenhum comentário sobre o BRICS em sua declaração pública.
Lula disse que a presidência brasileira do Mercosul no segundo semestre do ano buscará “um acordo equilibrado com o Vietnã”, o que implica que haverá negociações sobre um acordo comercial entre o Vietnã e o bloco sul-americano.
Ele também propôs expandir a cooperação técnica com o Vietnã em plantações de café em um momento em que os dois maiores produtores de café do mundo enfrentam desafios causados pelas mudanças climáticas.