A juíza da Vara da Infância e Juventude do TJRJ, Vanessa Cavalieri, alertou sobre os graves impactos do uso excessivo de celulares por crianças e adolescentes. Em entrevista à CNN, a magistrada destacou que a falta de regras no uso desses dispositivos está gerando problemas significativos para a saúde e para o desenvolvimento dos jovens.
Segundo a juíza, os adolescentes brasileiros passam, em média, sete horas por dia em frente às telas. “É como se eles tivessem um emprego, além da escola, uma carga horária de trabalho, sete horas, mais do que uma jornada de estágio que seria de quatro horas, só para ficar olhando vídeos curtos de quinze segundos que não levam a nada, que apodrecem o cérebro”, afirmou.
Privação crônica do sono: um problema mundial
Um dos problemas mais graves apontados por Vanessa é a privação crônica do sono. Ela explicou que o uso de dispositivos eletrônicos durante a noite está afetando o crescimento das crianças em todo o mundo.
“A curva de crescimento das crianças está caindo no mundo inteiro, ou seja, a população mundial está ficando mais baixa”, alertou.
A magistrada ressaltou que crianças e adolescentes necessitam de nove a onze horas de sono por noite, mas muitos não estão atingindo essa meta devido ao uso de celulares nos quartos. Isso resulta em uma série de problemas de saúde, incluindo riscos de depressão, ansiedade, déficit de aprendizagem, obesidade infantil, diabetes e hipertensão.
O papel dos pais e da escola
Vanessa enfatizou a importância dos pais estabelecerem regras claras sobre o uso de dispositivos eletrônicos, especialmente à noite. “Precisam tirar o aparelho de dentro do quarto, precisam bloquear na hora de dormir, é o tipo de regra que não tem negociação”, afirmou.
A juíza também abordou a relação entre família e escola na educação das crianças. Ela citou um ditado africano que diz: “É preciso toda uma aldeia para criar uma criança”, ressaltando que tanto a família quanto a escola têm papéis fundamentais e complementares na formação dos jovens.
Ela concluiu destacando a importância de restabelecer a confiança entre famílias e escolas, evitando antagonismos e trabalhando em conjunto para o bem-estar e desenvolvimento das crianças e adolescentes.