O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta segunda-feira (31) que uma moderação no crescimento econômico do Brasil faz parte do cenário base atual da instituição, reafirmando o compromisso de atingimento da meta contínua de inflação, de 3%.
Em evento promovido pela Faculdade ESEG em São Paulo, Guillen destacou não apenas o dinamismo como também a surpresa verificada no crescimento do país nos últimos anos, mas lembrou que os dados referentes ao quarto trimestre de 2024 indicaram moderação do Produto Interno Bruto (PIB).
No início de março o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB cresceu 0,2% no quarto trimestre do ano passado ante os três meses anteriores, abaixo da expectativa dos economistas, de alta de 0,5%.
No mercado, uma das visões é de que a moderação de crescimento, se confirmada, pode abrir espaço para uma política monetária menos restritiva. Em seu último encontro de política monetária, o BC sinalizou a intenção de elevar a taxa básica Selic novamente em maio — mas desta vez em menos de 100 pontos-base, como vinha fazendo. Atualmente a Selic está em 14,25% ao ano.
Embora tenha citado a questão da moderação do crescimento, Guillen reforçou no evento a mensagem de que o compromisso do BC “é e continua sendo com a inflação”.
“O mandato principal é o atingimento da meta”, afirmou.
Ao tratar dos possíveis impactos das tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos de outros países e, no limite, sobre a inflação, Guillen avaliou que este é um “choque de incerteza, de certo modo clássico, de paralisação de investimento, de não entendimento sobre como vai ser a tarifa”.
O diretor pontuou, inclusive, que a incerteza sobre os impactos da guerra tarifária não ficarão claros nem mesmo depois da próxima quarta-feira (2) — dia em que o presidente Donald Trump promete anunciar tarifas recíprocas para todos os países, e não apenas para um grupo menor de 10 a 15 países. Trump vem chamando a próxima quarta-feira de “Liberation Day” (Dia da Libertação).
“Essa discussão do Liberation Day, eu não acho que a incerteza se resolve com esse dia”, afirmou Guillen. “Enfim, a gente vai ficar com mais incerteza, porque talvez no dia seguinte vá ter alguma discussão sobre tarifas que não foram implementadas, mas que podem vir a ser implementadas”, acrescentou.
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