SP tem o mês de fevereiro com mais casos de estupro registrados em 24 anos

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O estado de São Paulo registrou 1.201 casos de estupro em fevereiro de 2025, um recorde para o mês de fevereiro desde o início da série histórica em 2001. As informações constam na base de dados da Secretaria de Segurança Pública do estado.

Ao comparar o mês de fevereiro deste ano com o de 2024, o aumento de casos é de 20,7%, já que no ano passado a secretaria informou a ocorrência de 995 casos. Antes de 2025, o mês de fevereiro com o maior número de casos havia sido em 2023, com 1.110 registros.

De janeiro a fevereiro de 2025, já foram registrados 2.487 casos de estupro em São Paulo. O número representa um aumento de 13,5% se comparado ao mesmo período do ano passado, quando o estado tinha o registro de 2.191 casos.

Considerando apenas os casos de “estupro de vulnerável”, nos dois primeiros meses do ano, o estado de São Paulo registrou 1.889 casos, mais da metade dos casos totais.

À CNN, a pesquisadora sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Brandão, avaliou que o aumento de casos mostra a ausência de políticas públicas. “Seguimos colhendo os frutos da proliferação de uma “cultura do estupro”, que normaliza a violência sexual, passando pela culpabilização da vítima, pelo tratamento do corpo feminino como objeto e mesmo minimizando esse tipo de violência”.

Para a delegada Adriana Liporoni, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs) do estado, o aumento se deve à “coragem das vítimas em denunciar”. “O aumento das estatísticas, muitas vezes, não reflete um crescimento da violência, mas, sim, um avanço na coragem das vítimas em denunciar”, diz.

“Especialmente nos casos de estupro de vulnerável, temos percebido que muitas vítimas hoje são ouvidas com mais respeito e acolhimento, o que encoraja outras a se manifestarem”, complementa Liporoni.

O estado de São Paulo conta com 141 DDMs em todas as regiões. Segundo a SSP, a capital é a localidade com o maior número de delegacias especializadas em violência de gênero no mundo.

Ainda com base em dados da secretaria, em 2024, as DDMs efetuaram 10,6 mil prisões e instauraram mais de 98 mil inquéritos. Mesmo com os números, a pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública alerta para a subnotificação e descrença das vítimas no poder público.

“Na maior parte dos casos, mulheres vítimas de violência não procuram os canais oficiais para denunciar. Medo, vergonha e mesmo a sensação de que ‘não vai dar em nada’ contribuem para essa postura. Ou seja, estamos frente a um cenário de descrença quanto à capacidade do poder público absorver as denúncias de violência”, ressalta Juliana Brandão.

Feminicídio em queda

Desde 2018, a Secretaria de Segurança Pública dispõe de uma estatística separada para casos de homicídios e feminicídios. Entre janeiro e fevereiro de 2025, segundo a SSP, foram registradas 42 ocorrências de feminicídio. Se comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados 51 casos, houve uma queda de 17,6%.

“Vejo esse dado como um reflexo do esforço coletivo. Ainda há muito a ser feito, mas qualquer vida preservada já é um avanço que precisa ser valorizado”, destaca a delegada Adriana Liporoni.

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