Ação do Brasil contra o Paraguai: entenda o impasse envolvendo Itaipu

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Na última segunda-feira (31), o Ministério das Relações Exteriores negou que a atual gestão federal, chefiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tenha feito uma ação hacker contra o governo do Paraguai, para obter dados relacionados à negociação bilateral da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Isso porque, de acordo com a apuração do UOL, uma operação voltada à invasão de computadores do Paraguai foi criada ainda no fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mantida no início da atual gestão, por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A CNN confirmou que o caso é investigado pela Polícia Federal (PF), no âmbito do inquérito da “Abin Paralela”, quando servidores apontaram a ação hacker contra o Paraguai.

Após a notícia, o ministro de Relações Exteriores do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, disse que o país já foi, anteriormente, alvo de ataques cibernéticos, mas não há evidências de que algum deles tenha vindo do Brasil.

Entenda os conflitos que envolvem Itaipu

A Usina Hidrelétrica de Itaipu fica localizada na fronteira entre Brasil e Paraguai, simbolizando a cooperação entre os dois países.

Em 1973, os dois assinaram o “Tratado de Itaipu”, que estabeleceu as regras para a construção da Usina. Dentre elas, estava a determinação de que Brasil e Paraguai deveriam receber de forma igualitária a energia gerada.

Mais de cinquenta anos depois, em fevereiro deste ano, os dois países concordaram que será firmado, até maio, um novo Anexo C do tratado, que diz respeito às condições financeiras de comercialização de energia hidrelétrica, ou seja, as tarifas pagas.

Esse acordo se baseará nos termos do “Entendimento entre Brasil e Paraguai sobre Diretrizes Relacionadas à Energia de Itaipu Binacional”, de 16 de abril de 2024.

Nessa ocasião, o Ministério de Relações Exteriores brasileiro afirmou que também ficou acordado que o Paraguai poderia vender a energia excedente ao Brasil, de maneira direta e disputando mercado com geradores brasileiros. O objetivo, com isso, era que o governo paraguaio pudesse ter mais autonomia para vender energia, uma vez que não utiliza, por completo, da metade que dispõe.

A invasão, citada pelo UOL e confirmada pela CNN, teria acontecido alguns meses antes do governo fechar esse novo acordo sobre os valores pagos.

Segundo os depoentes que relataram essa operação à PF, os integrantes da Abin teriam utilizado do programa Cobalt Strike para invadir dispositivos de informática do país vizinho.

Essa ferramenta é normalmente utilizada para intrusão em computadores. Ainda de acordo com os servidores, esses ataques não partiram do Brasil. A ação foi feita a partir de Chile e Panamá, a partir da instalação de usuários virtuais nessas localidades.

O governo federal reiterou, na última segunda, o “compromisso com o respeito e o diálogo transparente como elementos fundamentais nas relações diplomáticas com o Paraguai e com todos seus parceiros na região e no mundo”.

Alegaram também que a operação, em questão, foi autorizada em junho de 2022, mas tornada sem efeito pelo então diretor interino da Abin, em 27 de março de 2023.

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