Motoristas de aplicativos de entrega de alimentos e outros serviços programaram uma greve de dois dias, que acontece nesta segunda-feira (31) e na próxima terça-feira (1), em todo o território brasileiro. Centro das manifestações, a Avenida Paulista, em São Paulo, foi parcialmente interditada na manhã desta segunda.
O “Breque dos APPs”, liderado por entregadores em São Paulo com apoio do Movimento VAT-SP e da Minha Sampa, pede pagamento mínimo de R$10 por entrega, R$2,50 por quilômetro e limites de 3 quilômetros para bicicletas, além do fim do agrupamento de entregas sem compensação.
Durante o ato, os trabalhadores destacam a precarização do modelo atual, comparando suas condições às de outros trabalhadores, como os que enfrentam longas jornadas CLT, especialmente mulheres.
“Escravidão moderna”
Diversas faixas e cartazes chamam a atenção para o modelo de trabalho e forma de remuneração aplicada pelas plataformas aos entregadores. Os manifestantes usam o termo “escravidão moderna”, como forma de intitular a relação.
A carreata que conta com centenas de motociclistas e caminhões de som, percorrem o centro de São Paulo e promete terminar na sede de uma das empresas alvo da reclamação dos trabalhadores.
Moto frentista há 24 anos, Edgar falou à reportagem da CNN sobre os desafios da atividade. Ele explica que a manifestação aborda os trabalhadores do ramo administrativo, e-commerce e os entregadores de delivery.
“Nossa indignação é que nós colocamos todo nosso patrimônio à disposição da empresa. (…) E desde o início até hoje, tudo aumentou, mas os valores (de repasse), não aumentaram”, afirma.
Importância dos entregadores
O “boom” da profissão se deu a partir da pandemia, embora tenha começado bem antes. O Ifood, maior player do mercado, por exemplo, chegou ao Brasil em 2013, em moldes diferentes de como é operado hoje em dia. Contudo, foi a partir da pandemia, em 2020, que os serviços de entregas de alimentos passaram a ter uma nova demanda.
“Na pandemia, a gente era visto como heróis. Mas esses heróis não são valorizados”, completa Edgar, uma das lideranças do movimento grevista.
Um dos porta-vozes do movimento, conclui dizendo que as reivindicações são antigas e de conhecimento das plataformas que – segundo ele – não fizeram nada em relação às demandas.
“Não dá para aguentar mais o que eles estão pagando, porque ainda temos de tirar do nosso bolso”, conclui.