Uma pequena propriedade rural com oito hectares tem sido um exemplo de eficiência na terminação de animais em Mato Grosso. Com orientação técnica, o local tem encontrado o caminho de prosperidade na pecuária de corte e em pouco mais de três anos os resultados mais do que dobraram, assim como a capacidade de engorda dos animais.
Localizada a menos de 15 quilômetros do centro de Tangará da Serra, a Chácara Confiança é um lugar onde o verde se mistura com o colorido das flores plantadas e bem cuidada pela dona Marilucia Olochove, revelando o capricho de uma família que não via a hora de trocar a cidade pelo campo.
A história da Chácara Confiança começou em 2014 quando a dona Marilucia e a família mudaram de Sorriso para Tangará da Serra e encontraram na região de chácaras o melhor lugar para viver, dando sequência a uma ideia que tinham.

Em Sorriso a produtora chegou a trabalhar por três anos na feira com a venda de café, enquanto o esposo trabalhava em uma empresa de compra de cereais. Com a transferência dele para Tangará da Serra, a família optou em comprar uma chácara ao invés de uma casa da cidade e mexer com gado de corte.
“Quando ele era solteiro, a família dele já mexia com gado. E quando nos casamos ele parou e foi trabalhar em empresas. Ele sempre falava que queria ter uma propriedade para criar os animais dele, por que ao mesmo tempo em que ele trabalha em uma empresa, o gado é quase um lugar para ele se desestressas”, comenta dona Marilucia ao Senar Transforma desta semana.
De início, a família contava com apenas dez cabeças e aos poucos foi aumentando, conforme implementavam o semi-confinamento, até chegar no confinamento em si.
Contudo, de acordo com Marilucia, havia um “problema” que impedia a transformação do confinamento em uma coisa mais acertada e profissional: a falta de mão de obra. A solução encontrada pelo casal foi trazer do Rio Grande do Sul o filho mais novo.


Nadador profissional, tendo disputado o Mundial Escolar de natação no Marrocos, Antoniel Olochove voltou para Mato Grosso durante a pandemia do Covid-19. A mudança, aponta ele à reportagem do Canal Rural Mato Grosso, foi grande.
“Vivia num mundo completamente diferente no meio do esporte e aí chega aqui, querendo ou não, o campo é mais calmaria. Não era tanta correria. Gostei muito de começar a trabalhar aqui, trabalhar com os animais”.
Além da bovinocultura de corte, a família também possui criação de cabritos, galinhas e suínos.
Quando Antoniel chegou na chácara havia apenas pasto. Aos poucos, salienta ele, as ampliações foram ocorrendo tanto de estrutura quanto de animais, ao passo que o gado era comercializado.
Com isso, viu a necessidade de aprender mais para ajudar a família no dia a dia. Em meio aos estudos viu que no confinamento os animais engordam mais, em relação ao semi-confinamento, por exemplo.


“O conhecimento era geral, não era profissional no caso. O meu pai conversava com outros produtores, pegava e trazia para cá e a gente aplicava”.
A virada de chave na Chácara Confiança ocorreu quando a técnica de campo do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar Mato Grosso, Janaina Rosolem Santos Lima, bateu na porta da família.
“Ela estava passando aqui por perto e viu que tinha gado de confinamento e ofereceu os serviços que o Senar proporciona para nós. Ela veio, começou a estudar, ver como era a nossa relação aqui, o que dava para fazer em planejamento bom para alavancar bastante o nosso núcleo e dar uma visão mais clara do que estávamos trabalhando”, frisa Antoniel.
Da passagem ao acaso pela propriedade até o momento são quase três anos de parceria.
As três principais mudanças feitas no local, revela a técnica de campo, foram quanto a idade dos animais, pois a propriedade trabalhava no confinamento às vezes com animais recém desmamados, o que alongava ainda mais o ciclo, o planejamento alimentar e a ensilagem.


“Eles literalmente abriram as portas da casa deles, o que me abriu muito a oportunidade de realmente comentar o que eu achava que poderia melhorar, o que deveríamos manter, porque na propriedade nem sempre tudo tem que mudar. E fomos traçando as linhas de trabalho”.
Abertura é essencial para os resultados
Segundo Janaína, ainda há certa resistência de produtores quanto ao recebimento da assistência técnica, uma vez que muitos acham que as mudanças necessárias são caras, quando na verdade são analisadas conjuntamente dentro do que está nas mãos deles.
“O produtor nos ajuda a ter a visão. Você faz o escaneamento da propriedade, senta com o produtor e vê qual é o objetivo dela, que metas quer atingir. Então muitas vezes a gente só vai propor algumas mudanças na forma de trabalhar. Foi o que aconteceu aqui. Mudanças nas formas de fazer, de observar, de registrar, de anotar. Com a evolução das coisas eles ficaram cada vez mais alinhados com a atividade”.
E os trabalhos realizados na Chácara Confiança se tornaram exemplo para outros produtores.
Um vídeo feito pela especialista sobre indicadores zootécnicos, com informações sobre manejo e indicadores como ganho médio diário, conversão alimentar, rendimento de carcaça, nutrição e o que pode fazer com que tem em mãos, conquistou recentemente o Concurso Nacional de Vídeos Educativos do Senar Central.
“Fizemos com o intuito de ajudar o produtor de uma forma simples e clara a melhorar dentro da propriedade coisas que ele consegue às vezes fazer sozinho. Mudança de hábitos”.


Futuro promissor e de crescimento
Quando a técnica de campo da ATeG Bovinocultura de Corte do Senar Mato Grosso chegou na Chácara Confiança a família Olochove possuía um lote de aproximadamente 100 animais ao longo de 12 meses.
“Agora, eles fizeram 268 animais do final de abril ao início de novembro no ano passado. Então eles fizeram dois lotes, mais animais e tiveram um maior ganho de peso em menos tempo. Eu falo que aqui é um exemplo de produtividade. Se você for fazer as contas, eles terminaram quase 33 animais por hectare/ano. Animal pesado”.
Para a técnica de campo, os resultados obtidos pela família são muito gratificantes. “[Esse ano] se Deus quiser, eles vão terminar mais de 300 animais”.
Se as estimativas da técnica do Senar Mato Grosso para 2025 se concretizarem, as perspectivas de Antoniel devem se concretizar em breve.
“Meu planejamento é daqui uns dois anos conseguir girar 800 cabeças por ano. Só que aí vai ter que aumentar a produtividade de capim, melhorar a eficiência. A gente vai trabalhando todos os dias”.
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