O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) denunciou à Justiça e pediu a prisão preventiva do tenente reformado Carlos Alberto de Jesus por duas tentativas de homicídio duplamente qualificado.
O policial militar da reserva atirou contra o estudante universitário Igor Melo de Carvalho e o motociclista de aplicativo Thiago Marques Gonçalves na madrugada do dia 24 de fevereiro deste ano, no bairro da Penha, zona norte do Rio.
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O militar afirmou que acreditava que os dois haviam roubado o celular de sua mulher, Josilene da Silva Souza, que também foi denunciada pelo crime de falso testemunho.
Ainda segundo a promotoria, após o atentado, Josilene prestou depoimento à polícia afirmando que uma das vítimas teria tentado sacar uma arma antes dos disparos. A falsa declaração levou à prisão equivocada dos dois homens. Posteriormente, Josilene apresentou outras versões contraditórias aos fatos. A acusação contra as vítimas foi arquivada pelo MP-RJ no dia 8 de março de 2025.
A Agência Brasil não conseguiu contato com as defesas dos acusados mas está aberta a acrescentar seus posicionamentos na reportagem.
Ferimentos graves
O estudante universitário de 31 anos foi gravemente ferido e hospitalizado durante cerca de um mês. Apesar de ter se recuperado e tido alta, ele perdeu um rim.
De acordo com a Polícia Militar e de depoimentos de amigos e parentes, Igor saía como passageiro de mototáxi do bar onde trabalha, no bairro da Penha, quando começou a ser perseguido pelo carro em que estava o policial militar reformado, que atirou em direção à moto depois que a esposa acusou o condutor de ter roubado o celular dela.
Igor foi atingido nas costas, e a bala causou ferimentos em diversos órgãos: rim, baço, intestino e estômago. Ele foi levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde permaneceu internado em estado grave e sob custódia da polícia.
Manifestações
O caso está sendo acompanhado por diversos órgãos de defesa dos direitos humanos. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse que o ministério vai pedir esclarecimentos ao governo do Rio e às autoridades de justiça sobre a situação de Igor.
“Queremos os nossos jovens negros vivos, em liberdade, não sendo alvos de injustiças e violências raciais”, complementa a nota de Anielle.
A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj prestou atendimento à família do estudante e está acompanhando as investigações. A comissão parlamentar cobrou explicações da Polícia Militar sobre a conduta do policial aposentado responsável pelo disparo.
A deputada estadual Dani Monteiro (PSOL) que preside a comissão, repudiou o episódio: “Quantas vezes mais vamos ter episódios de atirar primeiro e perguntar depois?”