Os Estados Unidos estão começando a se assemelhar mais a um mercado emergente do que a um país desenvolvido, afirmou o CEO operadora pan-europeia de bolsa de valores Euronext nesta terça-feira (8).
A afirmação acontece enquanto os mercados financeiros permaneceram voláteis após a imposição de tarifas abrangentes dos EUA.
“O medo existe por toda parte”, disse o CEO da Euronext, Stephane Boujnah, à rádio France Inter.
“O país (Estados Unidos) está irreconhecível e estamos vivendo um período de transição. Há uma certa forma de luto, porque os Estados Unidos que conhecíamos em grande parte como uma nação dominante se assemelhavam aos valores e instituições da Europa e agora se assemelham mais a um mercado emergente”, acrescentou.
Boujnah disse que os investidores foram forçados a lidar com a incerteza desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu o cargo em janeiro.
“As pessoas… têm dificuldade em entender a volatilidade das decisões que são tomadas, então essa preocupação é real, e é uma forma de intimidação que se difunde no sistema e é difícil de navegar”, disse ele.
Os mercados financeiros globais estão girando ativos e estão tentando se adaptar aos Estados Unidos que eles não reconhecem, depois que Trump anunciou tarifas globais sobre importações para os Estados Unidos, disse Boujnah.
Trump disse que as tarifas — um mínimo de 10% para todas as importações dos EUA, com taxas-alvo de até 50% — ajudariam os Estados Unidos a recapturar uma base industrial que ele diz ter murchado ao longo de décadas de liberalização comercial.
Os mercados emergentes costumam usar tarifas para proteger suas indústrias enquanto tentam se desenvolver.
Boujnah disse que haviam algumas boas notícias, pois os preços do petróleo e as taxas de longo prazo estavam em baixa, e que havia fluxos de dinheiro saindo dos Estados Unidos para serem reinvestidos na Europa.
As ações europeias subiram no início do pregão nesta terça-feira, de mínimas de 14 meses, após quatro sessões consecutivas de vendas pesadas, embora os investidores permanecessem sensíveis aos desenvolvimentos relacionados a tarifas.
Isso acontece um dia após a Comissão Europeia propor contratarifas de 25% sobre uma série de produtos dos EUA.