A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (19), uma operação contra uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas com atuação no Brasil, Paraguai e na Bolívia.
São cumpridas 54 medidas cautelares, sendo 12 de prisão preventiva, 20 de busca e apreensão, 21 mandados de sequestro e bloqueio de bens móveis, imóveis e valores dos investigados e uma medida de instalação de tornozeleira eletrônica.
Os mandados são cumpridos no Paraná (nas cidades de Cascavel, Toledo, Foz do Iguaçu e Boa Vista da Aparecida) e Pará (Monte Alegre).
Segundo a PF, a droga vinha dos países vizinhos e entrava no Brasil pelas fronteiras com Paraná e Mato Grosso do Sul.
A investigação revela que o grupo utilizava rotas estratégicas e esquemas sofisticados de lavagem de dinheiro para ocultar os lucros ilícitos, segundo o delegado Robson Petter.
A organização criminosa possuía uma estrutura consolidada no Pará e em Cascavel (PR), onde mantinha infraestrutura para armazenamento e distribuição da droga. Além disso, contava com uma rede de operadores financeiros responsáveis pela movimentação dos recursos ilícitos, garantindo a continuidade das atividades criminosas, aponta o inquérito.
“O grupo traficava principalmente cocaína, utilizando veículos de luxo com compartimentos ocultos (fundo falso) para transportar a droga pela fronteira do Paraguai, dificultando a detecção por parte das autoridades”, explica o delegado.
Compra de fazendas
Durante as investigações, identificou-se que o grupo criminoso adquiriu diversas propriedades no estado do Pará, utilizando-as tanto para lavagem de dinheiro quanto para a possível movimentação de drogas, segundo a PF.
O esquema usava duas das propriedades batizadas como “Fazenda Vera Cruz” e “Fazenda Vera Cruz III”. A PF acredita que seja uma referência à operação Vera Cruz, que desmantelou o grupo em 2012.
As fazendas estão estrategicamente localizadas próximas a cursos d’água, o que indica o uso de embarcações para o transporte de drogas. “Além disso, a organização buscava monopolizar um braço de rio estratégico, permitindo a movimentação de grandes quantidades de entorpecentes sem chamar atenção das autoridades”, diz a PF.
A rota da droga
Ao chegar ao Brasil, a droga era fracionada na cidade de Cascavel, um ponto estratégico no esquema da organização. De lá, os entorpecentes seguiam para diversos estados do país, principalmente para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, abastecendo outras células do crime organizado.
No Pará, os indícios apontam que a droga era internalizada pelo Rio Amazonas, e que o entorpecente entrava no Brasil a partir da Bolívia. Assim como no Paraná, a carga era fracionada em fazendas localizadas em Monte Claro (PA), antes de ser redistribuída para outras regiões do Brasil.
As investigações tiveram início em julho de 2023 e, ao longo das diligências, foram realizados pelo menos oito flagrantes diretamente ligados à organização criminosa, sendo cinco deles envolvendo o transporte de cocaína e os demais relacionados ao transporte de crack e maconha.
Todas as propriedades vinculadas ao grupo criminoso, incluindo as 8 fazendas localizadas em Monte Claro, estão sendo bloqueadas por ordem judicial.
Líderes na Alemanha
Dois integrantes do grupo encontram-se atualmente foragidos na Alemanha.
A Justiça Federal de Cascavel (PR) autorizou a inclusão dos alvos na Difusão Vermelha da Interpol, uma solicitação internacional para prisão. Foram realizadas diligências no país europeu, mas os investigados não foram localizados até o momento.