O traficante Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”, que é apontado como um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), conseguiu autorização da Justiça para ser transferido da Penitenciária Federal de Brasília para um prédio estadual do Ceará.
No pedido feito à Justiça, os advogados de Fuminho alegaram que ele cumpre os requisitos previstos na Lei de Execuções Penais para a progressão de regime, inclusive “bom comportamento carcerário”.
O homem apontado como “braço-direito” de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo da facção, foi transferido para o sistema penitenciário federal a pedido da Justiça Estadual do Ceará, onde Fuminho respondia a um processo por duplo homicídio.
Ele foi denunciado como mandante dos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, executados a tiros em fevereiro de 2018, na região metropolitana de Fortaleza. Na época, a Justiça considerou que havia risco de retaliações.

Entretanto, em abril do ano passado, a Justiça do Ceará considerou que a acusação não foi comprovada e decidiu não levar Fuminho a júri popular.
Com isso, Frederico Botelho de Barros Viana, corregedor da Penitenciária Federal de Brasília, entendeu que “os motivos que ensejaram a inclusão do detento no sistema penitenciário federal não mais subsistem em sua integralidade”. A decisão também levou em consideração uma certidão de boa conduta carcerária.
Segundo a decisão, Fuminho deve ser transferido para uma unidade prisional de segurança máxima em Aquiraz, na região metropolitana de Fortaleza.
No documento, o magistrado fez a ressalva de que “qualquer juízo em que haja ordem de prisão em vigor contra o preso poderá requerer a inclusão ou manutenção do detento no Sistema Penitenciário Federal, desde que devidamente formalizado novo incidente processual”.
Quem é Fuminho?
Fuminho é o principal aliado de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, no tráfico internacional de drogas do PCC.
Ele fugiu da cadeia do Carandiru em 1999 e só foi recapturado 20 anos depois, ao ser preso pela Polícia Federal em Moçambique, no continente africano, em 2020.
Investigações da Operação Mafiusi descobriram que, na época, o PCC montou uma operação avaliada em US$ 2 milhões para resgatar Fuminho da cadeia em Maputo, capital de Moçambique.

Fuminho foi condenado a 26 anos de prisão em regime inicial fechado. Desde que foi preso, cumpriu uma série de atividades para obter descontos nas penas, como leituras e resenhas, aulas de inglês, cursos profissionalizantes e a conclusão do ensino fundamental.
Quando estava foragido, Fuminho, segundo investigações, recebeu R$ 200 milhões da facção para resgatar o líder máximo do PCC da Penitenciária Federal de Brasília, onde Marcola está preso desde 2019, quando fora transferido da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista.
À época, o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MPSP, anunciou a descoberta de um plano para resgatar Marcola e outros 21 líderes do PCC, que estavam na P2 de Presidente Venceslau e também em Presidente Bernardes, ambas no interior paulista.
Pouco tempo depois, em março de 2019, a pedido do promotor Lincoln Gakiya, Marcola e os 21 líderes foram transferidos para presídios federais em Brasília e Porto Velho.
Com informações do Estadão Conteúdo e Rafael Villarroel, da CNN