A devastação causada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Sararé, localizada em Mato Grosso, registrou um aumento estarrecedor de 93% entre 2023 e 2024. O dado alarmante integra um relatório inédito divulgado nesta semana pelo Greenpeace Brasil, que aponta a destruição de 4.219 hectares em terras indígenas da Amazônia brasileira somente nos últimos dois anos. Na TI Sararé, epicentro da crise, a área devastada saltou de 619 hectares em 2023 para 1.197 hectares no ano passado.
Diante da escalada da atividade ilegal, a Defensoria Pública da União (DPU) emitiu uma recomendação contundente, exigindo a retirada imediata dos cerca de 5 mil garimpeiros que se estima atuarem na Terra Indígena Sararé.
O território, situado entre Conquista D’Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, abriga aproximadamente 200 indígenas Katitãuhlu, da etnia Nambikwara, e possui uma extensão de 67.420 hectares, com demarcação datada de 1985. O documento da DPU alerta para o aumento da violência na região, impulsionada pela presença de facções criminosas.
“Multiplicam-se os registros de ameaça de morte e de danos à integridade física dos indígenas, bem como os registros de danos e de ameaças de destruição das aldeias, já que o território está sendo ocupado, loteado e explorado ilegalmente”, denuncia um trecho do documento da DPU.
Sararé: Líder Nacional em Alertas de Garimpo Ilegal
A gravidade da situação é reforçada pelo fato de que a Terra Indígena Sararé ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de alertas de garimpo ilegal, conforme dados do governo federal citados na recomendação da DPU.
Somente em 2024, o Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe identificou 570 hectares de destruição no território, uma área equivalente a cerca de 570 campos de futebol.
A DPU enfatiza que a atividade garimpeira não apenas atinge a cultura e a autonomia do povo Katitãuhlu, mas também causa danos irreparáveis ao meio ambiente e compromete a subsistência tradicional da comunidade.
Diante da urgência e da magnitude da crise, a recomendação da DPU clama por medidas imediatas de proteção ao povo Katitãuhlu e seu território.
Além da desintrusão emergencial, o órgão federal requer ações definitivas para cessar o ciclo de exploração ilegal, a degradação ambiental, o desmatamento e a invasão da TI.
A DPU também exige a inclusão da Terra Indígena Sararé no calendário de desintrusões já em 2025 e a adoção de medidas estruturantes para garantir a defesa efetiva de todos os povos e comunidades tradicionais de Mato Grosso.