A demanda por produtos tradicionais para a Páscoa deste ano aumentaram, mesmo em um cenário de preços mais altos.
Segundo a JSL, empresa de logística rodoviária, são mais de 1,8 milhão de caixas de ovos de chocolate enviadas para os comércios, representando um aumento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado.
A empresa afirma que, além do chocolate, a demanda por peixes também cresceu, com um adicional de mil toneladas importadas em comparação com os outros meses do ano.
O CEO da JSL, Ramon Alcaraz, disse em entrevista à CNN que ocorreu um aumento do consumo e demanda por esses itens, além de uma alta na produção, o que fez com que a companhia tivesse que ampliar o número de caminhões e trabalhadores nesta época.
Esse movimento ocorre mesmo em um cenário de encarecimento dos alimentos.
O grupo Alimentação e Bebidas responde por 45% do índice do mês após acelerar a alta a 1,17%, de 0,70% no mês anterior.
Levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) estimou que os chocolates ficaram mais de 27% mais caros, enquanto os bombons têm um aumento de 13,5% e os ovos de páscoa avançaram 9,5%.
“A economia não está bombando, digamos assim, mas ela também não está ruim. A gente teve um primeiro trimestre muito bom, e maior, inclusive, do que o ano passado. O consumo poderia estar melhor? Poderia. Mas ele não diminuiu proporcionalmente”, acrescentou Alcaraz, citando a resiliência do mercado de trabalho.
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras), afirmou que o consumo nos lares brasileiros caiu 4,25% em fevereiro deste ano na comparação com o mês anterior, mas teve um avanço de 2,25% quando comparado a fevereiro do ano passado.
O CEO da JSL também destacou alguns desafios sentidos pelo setor, e o maior deles é o atual patamar da Selic — taxa básica de juros, em 14,25% ao ano.
“Somos uma empresa que cresce dois dígitos há vários anos e para isso precisamos fazer investimentos, que captam dinheiro. Mas, o custo de capital aumentou muito no último ano em função da taxa de juros e isso dificulta o nosso negócio”, disse Alcaraz.
Além da Selic, o valor do diesel e o aumento nos preços das peças de veículos impactam o negócio e aumentam a receita.
“A gente está olhando com uma certa apreensão, mas ainda estamos aguardando. Não teve nenhum efeito prático ainda para nós”, disse.