Uma organização criminosa que praticava fraudes eletrônicas e lavava grandes quantias de dinheiro, com movimentações financeiras de mais de R$ 3,3 milhões em três meses, foi desarticulada pelas Polícia Civis do Distrito Federal (PCDF) e de Goiás (PCGO).
A Operação Nexo Oculto foi deflagrada, nesta terça-feira (15), mirando em uma organização criminosa altamente estruturada. Foram cumpridas 59 ordens judiciais, sendo 27 mandados de prisão e 32 de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Distrito Federal e Goiás. Atualização: Até o momento, 11 mandados de prisão foram cumpridos e a operação segue em andamento.
As investigações começaram após uma empresária ter R$ 449.998,00 subtraídos da conta bancária em seis transferências fraudulentas via TED. O autor da fraude utilizou a técnica de spoofing telefônico, isto é, falsificando o número de contato que aparecia para a vítima, fazendo com que o identificador de chamadas exibisse o nome “Banco do Brasil”, com o número falsificado por meio da tecnologia VoIP para aparentar ser o mesmo número de contato da instituição financeira. A prática é popularmente chamada de “golpe de falsa central bancária”.
O criminoso usou também o do programa de acesso remoto AnyDesk, que permitiu que o criminoso acessasse o computador da vítima e executasse as transferências bancárias. Em seguida, os valores desviados foram rapidamente redistribuídos para contas de pessoas físicas e jurídicas.
As apurações revelaram que, em três meses, foi movimentado entre as contas valores superiores a R$ 3,3 milhões em apenas três meses, muitas vezes com valores de crédito e débito equivalentes, o que é característico de contas de passagem. Foi identificado também o fracionamento deliberado de valores e a pulverização rápida de quantias entre contas vinculadas a familiares, empresas recém-criadas e contas sem histórico de movimentação anterior, compras de escrituras públicas em valores superiores a 100% da avaliação fiscal, compras com dinheiro em espécie superior a R$ 30 mil — todos indícios clássicos de lavagem de dinheiro.
A organização criminosa possuía núcleos em pelo menos quatro cidades, espalhadas pelos três estados alvo da operação. Os investigados usavam empresas de fachada, testavam contas bancárias com valores simbólicos antes de aplicar o golpe e movimentavam altas quantias para dificultar o rastreamento.
Os envolvidos podem responder pelos crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica, organização criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que, somadas, podem chegar a 32 anos de reclusão.