BUENOS AIRES, 15 de abril (Reuters) – A principal bolsa de grãos de Buenos Aires, na Argentina, já previa uma safra abundante de trigo, mas pode elevar ainda mais suas estimativas se o corte temporário de impostos de exportação até o final de junho for estendido, disse o economista-chefe da entidade à Reuters na terça-feira.
À margem de um evento para revelar a previsão inicial para a produção de trigo de 2025/26, o economista Ramiro Costa disse à Reuters que a estimativa atual de 20,5 milhões de toneladas métricas aumentaria com um corte de impostos prolongado.
A possibilidade de uma colheita de trigo ainda maior — e potencialmente recorde — não havia sido relatada anteriormente.
A Argentina é um importante exportador global de trigo, além de ser um dos principais exportadores de soja e milho. A previsão atual para a colheita de trigo já marcaria a segunda maior produção de trigo da história, logo abaixo dos 22,4 milhões de toneladas da temporada 2021/22.
Em janeiro, o governo argentino, sob o comando do presidente libertário Javier Milei, reduziu até o final de junho os impostos de exportação de trigo de 12% para 9,5%, assim como as tarifas de exportação de soja e milho, na esperança de impulsionar as vendas.
Milei, que é a favor de reduções de impostos, mas precisa que os agricultores acelerem as vendas de grãos para trazer os dólares tão necessários, disse que o governo não renovará os incentivos fiscais sobre as exportações de grãos depois de junho, embora o setor esteja pressionando para que eles sejam estendidos.
“A estimativa atual é feita com um imposto de 12%, que é o que voltará a vigorar a partir do final de junho. Se o governo prorrogar a redução temporária atual (a previsão) será maior”, disse Costa à Reuters.
Na segunda-feira, o governo argentino também abandonou a paridade cambial da moeda local e deixou o peso flutuar livremente em relação ao dólar dentro de uma faixa de 1.000 a 1.400 pesos, o que levou a um forte enfraquecimento de 10% da moeda.
A moeda mais fraca beneficia os agricultores, pois significa que eles recebem mais pesos em troca de suas receitas de exportação em dólares, o que estimula o aumento dos embarques. A flexibilização dos controles sobre a moeda foi comemorada pelos agricultores.
“Todas essas medidas do governo são aceitáveis, mas a carga tributária ainda não foi resolvida”, disse separadamente o presidente da bolsa de grãos de Buenos Aires, José Martins, no encerramento da apresentação em Buenos Aires.
“Aposto que esse copo meio cheio acabará sendo enchido ao longo desses meses.”