8 de Junho de 2025

Preconceito e perfil restrito de busca dificultam adoções em Mato Grosso, revela CNJ

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    Apesar de mais de 70 crianças estarem disponíveis para adoção em Mato Grosso, a realidade ainda é marcada por escolhas seletivas, preconceito e falta de acolhimento às diversidades. Segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o estado tem hoje 71 crianças e adolescentes aguardando por um lar. A maioria são meninos, adolescentes com idades entre 12 e 14 anos, e pessoas com deficiência – um perfil que costuma ficar invisível diante dos critérios de preferência da maioria dos pretendentes à adoção.

     

    Os números de 2025 revelam a dimensão do problema: apenas 14 crianças foram adotadas neste ano em todo o estado. A maioria são meninas com até 2 anos de idade, sem irmãos, sem deficiência e sem problemas de saúde. Nenhuma criança com deficiência foi adotada até o momento. Entre os 14 adotados, 57% são meninas e quase 43% são brancas. Crianças pretas ou indígenas não aparecem entre os adotados.

     

    O preconceito estrutural e a visão romantizada da infância parecem influenciar diretamente o perfil das crianças buscadas pelos adotantes. Entre os 71 disponíveis, 41 sequer foram associadas a famílias interessadas. Isso significa que mais da metade permanece sem qualquer perspectiva de sair do acolhimento institucional. Destas, 24 são meninos, sendo seis adolescentes acima de 16 anos e outros seis entre 10 e 12 anos. Cinco desses meninos possuem deficiência física, intelectual ou ambas. Outros dois têm problemas de saúde.

     

    A situação das meninas segue o mesmo padrão de exclusão. Das 17 não associadas, a maioria é parda, tem entre 12 e 14 anos e seis delas apresentam deficiência. A rejeição às crianças com deficiência, mais velhas ou que fogem ao ideal estético da infância revela um retrato duro da adoção no país: enquanto milhares sonham em formar uma família, muitas crianças seguem esquecidas nos abrigos.

     

    O histórico de adoções em Mato Grosso nos últimos seis anos reforça o quadro de exclusão. Desde 2019, apenas 376 crianças foram adotadas no estado. Dessas, somente duas tinham algum tipo de deficiência e outras seis apresentavam problemas de saúde. Quanto à raça, apenas oito crianças pretas e três amarelas foram adotadas. Nenhuma criança ou adolescente indígena foi acolhido por uma nova família neste período.

     

    Mato Grosso também está entre os 20 estados que não conseguiram atingir sequer mil adoções nos últimos seis anos. Em contraste, São Paulo lidera o ranking nacional com 6.636 adoções realizadas. No Brasil, mais de 27 mil crianças e adolescentes foram adotados desde 2019, a maioria também dentro de um perfil muito específico: crianças de até dois anos, brancas ou pardas, sem irmãos.

     

    O desafio permanece em tornar o processo de adoção não apenas mais ágil, mas principalmente mais inclusivo. Especialistas apontam que, além da burocracia, é necessário desconstruir preconceitos e ampliar a compreensão da sociedade sobre o que é, de fato, acolher uma criança: um ato de amor que deve ultrapassar idade, cor de pele, condição de saúde ou origem.

     

    Enquanto isso, dezenas de meninos e meninas em Mato Grosso continuam à espera de um lar – muitos deles já sem expectativa de um recomeço.

     

    Como Adotar uma Criança ou Adolescente em Mato Grosso

     

    O processo de adoção em Mato Grosso é gratuito e pode ser iniciado de forma online.

     

    Passo a Passo:

     

    1. Curso Preparatório: Antes de iniciar o processo, é necessário participar de um curso preparatório para pretendentes à adoção. Em Mato Grosso, esse curso é oferecido pela Associação Mato-Grossense de Pesquisa e Apoio à Adoção (Ampara), podendo ser realizado presencialmente ou online. Informações e inscrições estão disponíveis no site [ampara.org.br](https://ampara.org.br/) ou pelo telefone (65) 99922-0778. ([CEJA – Cadastro de Pretendentes à Adoção][1], [ampara.org.br][2])

     

    2. Cadastro Online: Após a conclusão do curso, o interessado deve acessar o site [adocao.tjmt.jus.br](https://adocao.tjmt.jus.br/) para preencher o formulário de habilitação à adoção, informando dados pessoais e anexando os documentos necessários. ([Tribunal MT][3])

     

    3. Análise e Habilitação: O processo inclui avaliação psicossocial e jurídica, conduzida pela Vara da Infância e Juventude da comarca de residência do pretendente. O prazo médio para habilitação é de até seis meses. ([Tribunal MT][4], [Tribunal MT][5])

     

    4. Acompanhamento: Após a habilitação, o pretendente pode acompanhar sua posição na fila de adoção e atualizar informações através do sistema online.([ceja.tjmt.jus.br][6], [Tribunal MT][3])

     

    Contato para Mais Informações:

     

    Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT): (65) 3617-3000([Tribunal MT][4])

     

    Ampara: [ampara.org.br](https://ampara.org.br/) | (65) 99922-0778([CEJA – Cadastro de Pretendentes à Adoção]

     

     

     

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