4 de Junho de 2025

Desmatamento em Mato Grosso cai 43% em 2024, mas estado segue entre os líderes nacionais da devastação

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    Apesar de registrar uma das maiores reduções no desmatamento entre os estados brasileiros, Mato Grosso ainda figura entre os que mais perderam vegetação nativa em 2024. É o que mostra o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), divulgado nesta quinta-feira (15) pelo MapBiomas. Com 92.554 hectares desmatados, o estado ocupa a sexta posição no ranking nacional, atrás apenas de estados da Amazônia Legal historicamente associados à derrubada da floresta.

     

    A queda de 43% em relação a 2023 é significativa e acompanha uma tendência nacional de retração da destruição ambiental. Ainda assim, os números de Mato Grosso continuam expressivos e revelam que a pressão sobre os biomas do estado persiste, especialmente no Cerrado e na Amazônia.

     

    Entre os municípios mato-grossenses, quatro aparecem na lista dos 50 que mais desmataram no Brasil. Colniza, no noroeste do estado, lidera entre eles e ocupa o décimo lugar nacional, com 10.716,5 hectares de vegetação nativa derrubados – uma média de quase 30 hectares por dia. O município tem sido historicamente marcado por conflitos fundiários, grilagem e expansão desordenada da fronteira agrícola.

     

    Paranatinga, no sudeste do estado, surge na 36ª posição, com 5.928,7 hectares desmatados. Nova Maringá aparece em 42º lugar, com 5.393,8 hectares, seguida de Aripuanã, em 48º lugar, que teve 5.138,8 hectares devastados ao longo do ano. Os dados revelam que o desmatamento não está restrito a uma única região, mas se espalha por diferentes áreas do território mato-grossense, atingindo tanto zonas de transição entre biomas quanto áreas de floresta densa.

     

    ### Cerrado lidera como o bioma mais desmatado

     

    Pelo segundo ano consecutivo, o Cerrado foi o bioma mais afetado pelo desmatamento no Brasil, concentrando 652.197 hectares destruídos – o equivalente a 52,5% do total nacional. A redução de 41,2% em relação a 2023 indica um avanço no combate à devastação, mas ainda expõe a vulnerabilidade do bioma, muitas vezes negligenciado pelas políticas de proteção ambiental e pela opinião pública, em comparação com a Amazônia.

     

    A Amazônia, por sua vez, registrou 377.708 hectares desmatados em 2024, uma queda de cerca de 16% em relação ao ano anterior. A redução é importante, mas insuficiente para conter os danos acumulados nas últimas décadas. Já o Pantanal – bioma que também ocupa parte significativa do território mato-grossense – apresentou a menor área de desmatamento do país: 192.940 hectares, com uma redução expressiva de 58%.

     

    Especialistas apontam que a retração nos índices de desmatamento pode estar associada à retomada de políticas públicas de fiscalização e conservação ambiental, sobretudo com o reforço das ações de órgãos como o Ibama e a retomada do Fundo Amazônia. No entanto, alertam que a queda em um único ano não é suficiente para reverter décadas de destruição, tampouco garantir a proteção da biodiversidade, das águas e da estabilidade climática.

     

    Mato Grosso, estado com grande protagonismo na produção agropecuária nacional, segue em uma encruzilhada entre o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. A continuidade da redução no desmatamento dependerá de ações coordenadas entre governos, setor produtivo, sociedade civil e comunidades locais, especialmente aquelas que dependem diretamente dos biomas para sua sobrevivência.

     

    ### Biomas em risco e políticas futuras

     

    A consolidação de um novo modelo de desenvolvimento sustentável é vista como fundamental para que o estado consiga sair do grupo dos maiores desmatadores do país. Iniciativas como a rastreabilidade da cadeia da carne, incentivo à produção sustentável e a valorização da restauração ecológica são apontadas como caminhos possíveis.

     

    Enquanto os números apontam uma melhora relativa, o desafio de equilibrar crescimento e conservação permanece. A redução no ritmo da devastação deve ser comemorada com cautela, pois a base de comparação ainda é um histórico marcado por altos índices de desmatamento e pressão constante sobre os recursos naturais. O futuro dos biomas mato-grossenses, especialmente do Cerrado e da Amazônia, depende da continuidade do esforço coletivo por uma política ambiental efetiva, transparente e duradoura.

     

     

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