8 de Junho de 2025

Mato Grosso amplia modelo cívico-militar: comunidade escolar endossa mudança em meio a debates sobre disciplina, segurança e qualidade na educação

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    O governo de Mato Grosso oficializou nesta sexta-feira (23) a implantação de mais 25 escolas cívico-militares na rede estadual, após realizar consultas públicas que indicaram amplo apoio das comunidades escolares. A decisão eleva para 84 o total de unidades com esse modelo no estado, consolidando Mato Grosso como uma das referências nacionais na adoção de uma proposta que, embora polêmica, tem atraído a adesão de pais, responsáveis e estudantes em diversas regiões.

     

    De acordo com a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a consulta foi realizada em maio deste ano com mais de 21 mil participantes, abrangendo 28 escolas de 21 municípios. O resultado foi inequívoco: a maioria optou pela migração ao modelo cívico-militar, motivada principalmente pela busca por maior disciplina, segurança e melhora nos índices de aprendizagem.

     

    “É uma resposta direta da sociedade que quer um ambiente escolar mais seguro e organizado. Não se trata de impor um modelo, mas de ouvir quem está na ponta e atender seus anseios”, defendeu o secretário de Educação, Alan Porto, ao comentar o resultado da consulta. Segundo ele, a política respeita a autonomia das comunidades escolares e prioriza o diálogo com as famílias.

     

    Para muitos pais, a escolha reflete uma tentativa de proteção diante dos desafios cotidianos que enfrentam: violência urbana, evasão escolar, indisciplina e déficit de aprendizagem acumulado ao longo de anos. “A escola cívico-militar não vai resolver todos os problemas, mas sabemos que impõe limites e ajuda nossos filhos a criarem responsabilidade. É o que queremos: educação com valores”, afirmou Maria Aparecida Souza, mãe de um estudante da Escola Estadual Elmaz Gattas, em Várzea Grande, uma das unidades que adotará o modelo.

     

    A adesão, contudo, não é homogênea e revela a tensão latente entre diferentes concepções de educação. Entidades como o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) questionam a eficácia do modelo e alertam para o risco de se priorizar o aspecto disciplinar em detrimento do pedagógico. “A militarização da educação não resolve os problemas estruturais das escolas, como a falta de investimento, a necessidade de formação continuada para os professores e a ausência de políticas inclusivas”, criticou o presidente do Sintep, Valdeir Pereira.

     

    Apesar das críticas, o modelo cívico-militar encontra respaldo justamente no sentimento de impotência diante dessas mesmas falhas estruturais. Em muitos municípios, especialmente os mais distantes dos grandes centros, pais e educadores associam o formato militarizado à retomada de controle sobre ambientes escolares marcados por violência, tráfico de drogas e indisciplina. A presença de militares da reserva atuando na gestão disciplinar é vista como um elemento de estabilidade, reforçando valores como respeito, hierarquia e civismo.

     

    “Não queremos soldados, queremos cidadãos. E a escola cívico-militar nos ajuda nisso, porque coloca limites, mas também ensina valores”, argumentou José Carlos Ferreira, pai de uma aluna da Escola Estadual Teotônio Carlos da Cunha, em Confresa.

     

    Os dados divulgados pela Seduc corroboram essa percepção: escolas que já implementaram o modelo em anos anteriores apresentaram redução de casos de violência, aumento da frequência escolar e melhora nos índices de aprovação. Em contrapartida, especialistas em educação apontam que tais resultados não podem ser atribuídos exclusivamente à militarização, mas à combinação de fatores, como maior investimento, fiscalização e participação da comunidade.

     

    A escolha das escolas para adoção do modelo cívico-militar se deu a partir de critérios técnicos e logísticos, priorizando unidades com maior número de matrículas, localização estratégica e demanda social. Entre as 25 selecionadas estão instituições de médio e grande porte, como o tradicional Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller, em Cuiabá, e escolas localizadas em cidades do interior como Confresa, Primavera do Leste e Alto Garças.

     

    Em meio ao avanço do modelo em Mato Grosso, o debate nacional sobre a presença de militares nas escolas públicas segue dividido. Enquanto estados como São Paulo e Paraná recuam da proposta, apontando entraves legais e pedagógicos, Mato Grosso investe na expansão, amparado no respaldo popular e na convicção política de que o modelo pode ser uma ferramenta eficaz para a melhoria da educação.

     

    Para o governador Mauro Mendes (União Brasil), a política educacional não pode ser refém de ideologias. “Nosso compromisso é com resultados. Se o modelo cívico-militar está funcionando, se está agradando às famílias e melhorando a educação, vamos seguir com ele”, declarou.

     

    As novas escolas deverão iniciar o processo de transição no segundo semestre de 2025, com capacitação das equipes pedagógicas e adequações estruturais para receber o modelo. A expectativa do governo é que, até 2026, todas as unidades estejam operando plenamente, impactando positivamente cerca de 30 mil estudantes.

     

     

     

    Lista das Novas Escolas Cívico-Militares

     

    As escolas selecionadas para a transição são:

     

    1. Escola Estadual Ytrio Corrêa – Alto Garças

    2. Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima – Araputanga

    3. Escola Estadual Senador Filinto Müller – Barra do Garças

    4. Escola Estadual Norma Lúcia Nunes – Brasnorte

    5. Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves – Carlinda

    6. Escola Estadual Elmaz Gattas – Várzea Grande

    7. Escola Estadual Professora Alda G. Scopel – Primavera do Leste

    8. Escola Estadual Monteiro Lobato – Primavera do Leste

    9. Escola Estadual Sebastião Patrício – Primavera do Leste

    10. Escola Estadual Cremilda de Oliveira Viana – Primavera do Leste

    11. Escola Estadual João Ribeiro Vilela – Primavera do Leste

    12. Escola Estadual Paulo Freire – Primavera do Leste

    13. Escola Estadual Padre Onesto Costa – Primavera do Leste

    14. Escola Estadual 29 de Julho – Confresa

    15. Escola Estadual Teotônio Carlos da Cunha – Confresa

    16. Escola Estadual Waldir Bento – Confresa

    17. Escola Estadual Sol Nascente – Confresa

    18. Escola Estadual Antônio Alves Dias – Confresa

    19. Escola Estadual Santo Antônio – Confresa

    20. Escola Estadual Liceu Cuiabano Maria de Arruda Müller – Cuiabá

    21. Escola Estadual Grupo Escolar Senador Azeredo – Cuiabá

    22. Escola Estadual Ytrio Corrêa – Alto Garças

    23. Escola Estadual Nossa Senhora de Fátima – Araputanga

    24. Escola Estadual Senador Filinto Müller – Barra do Garças

    25. Escola Estadual Norma Lúcia Nunes – Brasnorte

     

     

     

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