Mato Grosso vive um momento histórico no enfrentamento da febre aftosa, caminhando para se tornar uma das principais zonas livres da doença sem vacinação no mundo. A expectativa é que o estado receba, ainda esta semana, o reconhecimento internacional concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), um marco que irá reposicionar a pecuária mato-grossense no mercado global e consolidar sua imagem como potência sanitária.
O avanço ocorre na esteira do êxito de Mato Grosso do Sul, que já obteve o certificado internacional, com a oficialização prevista para a 92ª Assembleia Geral da OMSA, em Paris. O sucesso sul-mato-grossense serve de precedente e comprova a viabilidade do processo que Mato Grosso também protagoniza. O Brasil, por sua vez, avança no mesmo caminho: desde maio de 2024, o país ampliou significativamente as áreas livres da doença sem vacinação, incluindo Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do próprio Mato Grosso, que agora busca a certificação completa.
Com um histórico sanitário robusto, Mato Grosso está há 25 anos sem registrar casos de febre aftosa ou circulação do vírus. Até então, o estado ostentava o reconhecimento internacional como zona livre da doença, mas ainda sob regime de vacinação. A suspensão da imunização iniciou um novo ciclo, culminando com etapas rigorosas de avaliação entre 2023 e 2024, e abrindo caminho para o reconhecimento pleno entre 2025 e 2026. A antecipação da certificação para este ano representa não apenas o êxito técnico, mas também político e econômico de um setor que há décadas investe em sanidade animal.
Os impactos dessa conquista para o estado são significativos. A principal mudança se dará na abertura de mercados internacionais altamente exigentes, como Japão e Coreia do Sul, que impõem barreiras sanitárias rigorosas e só permitem importações de carne de regiões reconhecidamente livres de febre aftosa sem vacinação. A entrada nesses mercados potencializa as exportações de carne bovina, suína e derivados, elevando a competitividade do agronegócio mato-grossense e nacional.
Além do acesso a novos mercados, o status sanitário agrega valor à carne e aos produtos pecuários, refletindo em melhores preços para os produtores rurais. A valorização é acompanhada do fortalecimento da imagem do estado, que passa a ser referência global em sanidade animal e eficiência dos serviços veterinários oficiais.
Outro aspecto relevante é a redução, a médio e longo prazo, dos custos para os pecuaristas, que não precisarão mais adquirir e aplicar a vacina contra a febre aftosa, um processo que mobiliza recursos financeiros e logísticos consideráveis todos os anos.
Contudo, a erradicação da febre aftosa sem vacinação impõe desafios complexos. O principal deles é o fortalecimento da vigilância sanitária. Sem a imunização em massa, os sistemas de detecção precoce e resposta rápida tornam-se ainda mais imprescindíveis para evitar qualquer possibilidade de reintrodução do vírus. Nesse cenário, o produtor rural emerge como protagonista: além de cuidar da sanidade de seus animais, passa a desempenhar um papel ativo na comunicação com os órgãos oficiais, notificando qualquer suspeita ou movimentação atípica nos rebanhos.
O controle rigoroso da movimentação de animais e de produtos de origem animal é outra frente que requer reforço, especialmente em um estado com vasto território e diversidade de sistemas produtivos. O fortalecimento das capacidades laboratoriais, com investimentos em diagnóstico e capacitação técnica, também se impõe como necessidade contínua, garantindo que qualquer foco potencial da doença seja rapidamente identificado e contido.
As áreas de fronteira representam um capítulo à parte nesse processo. A circulação de animais e a proximidade com países vizinhos exigem uma coordenação sanitária transnacional, envolvendo diplomacia, integração de sistemas de vigilância e protocolos harmonizados de defesa animal.
Por fim, o financiamento sustentável das ações de defesa sanitária figura entre os principais desafios. A manutenção do status livre de febre aftosa sem vacinação dependerá de investimentos permanentes, não apenas em infraestrutura e fiscalização, mas também em pesquisa e educação sanitária, promovendo uma cultura de prevenção em toda a cadeia produtiva.
A iminente certificação de Mato Grosso como zona livre de febre aftosa sem vacinação coroa décadas de trabalho conjunto entre os setores público e privado. Governo federal, estadual, entidades de classe e, sobretudo, os produtores rurais foram protagonistas de um processo que transcende a barreira sanitária e projeta Mato Grosso a um novo patamar no cenário internacional da pecuária.
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