Uber e 99 suspendem retorno de mototáxis em São Paulo

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Conforme reportado pelo Olhar Digital, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, sancionou a regulamentação do serviço de mototáxis por aplicativo na cidade nesta quarta-feira (10). No entanto, as novas regras foram alvos de críticas da Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), que representa o setor.

A associação classificou a regulamentação como “ilegal” e informou que o serviço de motoapp não será retomado nesta quinta-feira (11), como previsto.

mototáxi
Mototáxis por aplicativo é categorizado como “motoapp” (Imagem: Joa Souza / Shutterstock.com)

Regulamentação de Nunes impôs novas regras para mototáxis em São Paulo

O texto sancionado por Nunes foi aprovado na Câmara na noite de segunda-feira, no prazo final.

O projeto estabelece uma série de regras tanto para os motociclistas quanto para as empresas de transporte por aplicativo que querem oferecer o serviço. Entre elas:

  • Motociclistas deverão ter no mínimo 21 anos, curso especializado para transportar passageiros, CNPJ ativo e cadastro para exercer a profissão, inexistência de infrações gravíssimas de trânsito no último ano e inexistência de condenação por crimes de trânsito ou contra mulher, exame toxicológico com janela de 90 dias, moto nova ou seminova com até oito anos de fabricação e potência mínima de 150 cilindradas, e placa vermelha (que caracteriza modelos que prestam serviços, como transporte de passageiros);
  • Já as empresas deverão oferecer equipamentos de segurança (como coletes e capacetes), placas vermelhas, seguro em casos de acidente e áreas de descanso;
  • Outras regras incluem a proibição da circulação em vias rápidas da cidade (como marginal Pinheiros e Tietê, e avenida 23 de maio) e em dias de eventos climáticos adversos, como tempestades, enchentes e vendavais.

Confira detalhes sobre as novas regras aqui.

Ricardo Nunes falando ao microfone
Nunes já havia se declarado contrário ao serviço de motocicletas por aplicativo em São Paulo (Imagem: NANCY AYUMI KUNIHIRO/Shutterstock)

Associação criticou regulamentação

Em nota ao Olhar Digital, a Amobitec criticou a regulamentação, classificando-a como “ilegal” e uma “proibição ao funcionamento das motos por aplicativo”.

A regra irá privar o direito de milhões de paulistanos à mobilidade e de milhares de motociclistas ao trabalho, diferentemente do que ocorre com os demais brasileiros que já contam com os benefícios do serviço em todo o País. A legislação não regulamenta o serviço de motoapp na cidade de São Paulo, mas impede o seu funcionamento ao reunir exigências impossíveis que extrapolam os limites legais.  

Amobitec

Entre os problemas, a associação cita a exigência das placas vermelhas, o que equipararia as motoapps aos mototáxis. Isso porque o serviço por aplicativo tem regras diferentes a nível federal.

Outro ponto de crítica é o prazo de 60 dias para análise do credenciamento dos motoristas e das empresas, que pode ser prorrogado. Na prática, a Amobitec defende que isso permite ao Poder Municipal bloquear o início da operação ou até não autorizar nenhum aplicativo ou condutor a operar.

A associação cita outras “estranhezas”, como limitação do local de embarque e desembarque em terminais de transporte público e a definição de que as motos devem ter mais de 150 cilindradas. A Amobitec diz que isso excluiria grande parte dos condutores, que têm motocicletas de 125 cilindradas.

Logo do app da Uber em um smartphone
Diretor de Políticas Públicas da Uber afirmou que lei foi feita para “não funcionar” (Imagem: Jess Rodriguez/Shutterstock)

Retorno dos mototáxis esta semana está suspenso

Uber e 99 já haviam anunciado que retornariam o serviço de mototáxis por aplicativo na quinta-feira (11), mesmo se a regulamentação não fosse aprovada. Isso porque o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia decidido que limitar o transporte de motos por app violava a livre iniciativa de concorrência e que as cidades não poderiam ir contra a legislação federal.

Com a nova regulamentação, São Paulo criou regras mais rígidas. Nunes, que há havia criticado o serviço de mototáxis, afirmou que as empresas teriam que obedecer à legislação municipal.

A Amobitec afirmou que vai recorrer à Justiça contra a lei municipal, que, segundo ela, contraria as decisões federais. Com isso, o retorno dos mototáxis nesta semana, conforme previsto por 99 e Uber, está suspenso.

Em nota separada da associação, a Uber afirmou que a lei sancionada por Nunes “torna impossível o início da operação de motoapp na cidade de São Paulo” e que está estudando as medidas judiciais cabíveis.

A empresa ainda escreveu que, como a Prefeitura não conseguiu proibir o serviço, criou uma regulamentação que “inviabilizasse o setor”, com exigências que “extrapolam os limites legais com o objetivo claro de impedir a oferta de um serviço privado”.

Ricardo Leite Ribeiro, diretor de Políticas Públicas da Uber, completou que a lei “foi feita para não funcionar, como uma “proibição disfarçada”.

Olhar Digital

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