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O mercado global de celulares deve encolher em 2026, pressionado pela combinação: componentes mais caros e repasse inevitável de custos. É o que aponta a consultoria Counterpoint Research, especializada em pesquisa de mercado no setor de tecnologia, nesta terça-feira (16).
Segundo a empresa, os embarques globais de celulares devem cair 2,1% no próximo ano. É uma revisão para baixo em relação às projeções anteriores.
O principal motivo está longe do consumidor final, mas chega ao bolso dele. A escassez de chips de memória, agravada pela corrida das empresas de tecnologia para sustentar sistemas de inteligência artificial (IA), elevou os custos de produção e mudou o humor da indústria.
O que tudo isso quer dizer: para 2026, espera-se um mercado com aparelhos mais caros e menos opções nas prateleiras.
Escassez de memória eleva custos e força revisão de projeções sobre mercado de smartphones
A revisão da Counterpoint corta 2,6 pontos percentuais da previsão anterior para 2026. Na prática, isso significa menos smartphones sendo enviados às lojas ao redor do mundo.

A explicação passa por um gargalo específico: a falta de DRAM, tipo de memória essencial tanto para celulares quanto para data centers usados por sistemas de IA.
Com a expansão acelerada de data centers, empresas como a Nvidia puxaram uma demanda inédita por memória. Esse movimento pressiona fornecedores como Samsung e SK Hynix, que atendem tanto o mercado de servidores quanto o de smartphones. Como a oferta não acompanhou esse salto, os preços dispararam ao longo de 2025.
Esse aumento já aparece no custo de produção dos aparelhos, o chamado BoM. Em outras palavras, é quanto custa montar um celular. Segundo a Counterpoint, os impactos devem continuar pelo menos até o segundo trimestre de 2026, com novos reajustes estimados entre 10% e 15% sobre níveis já elevados.
Preços mais altos atingem segmentos e pressionam fabricantes
O efeito não é uniforme. Os celulares mais baratos, abaixo de US$ 200 (pouco mais de R$ 1 mil, em conversão direta), são os mais atingidos.
Nesse segmento, o custo dos componentes subiu entre 20% e 30% desde o início de 2025. É um patamar difícil de absorver sem repassar para o consumidor final.

Nos modelos intermediários e premium, o impacto é menor, mas ainda relevante. A alta no custo de materiais ficou na faixa de 10% a 15%, o suficiente para empurrar os preços para cima.
Com isso, a Counterpoint revisou a projeção do preço médio dos smartphones, que agora deve subir 6,9% em 2026, quase o dobro do previsto anteriormente.
O problema é que nem todo fabricante consegue simplesmente repassar essa conta. Nos modelos de entrada, aumentos bruscos tendem a afastar consumidores. Por isso, algumas marcas já começaram a enxugar portfólios, reduzindo o número de modelos mais baratos disponíveis.
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Nesse cenário, Apple e Samsung aparecem como as empresas mais bem posicionadas para atravessar o período de escassez. Já fabricantes chineses, mais expostos ao médio e baixo custo, devem sentir o impacto com mais força.
Para tentar equilibrar margens, a indústria recorre a estratégias como downgrade de componentes (câmeras, telas, alto-falantes), reaproveitamento de peças antigas e incentivo à compra de versões mais caras, como modelos “Pro”.
(Essa matéria usou informações de CNBC e Counterpoint Research.)










