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Tudo sobre Inteligência Artificial
Um mercado online inusitado está vendendo códigos que simulam efeitos de drogas em chatbots, incluindo o ChatGPT. A proposta promete respostas mais criativas, caóticas ou “espirituais”. Criado pelo sueco Peter Rudwall, o projeto levanta curiosidade sobre criatividade artificial, limites da inteligência artificial (IA) e até debates filosóficos sobre consciência digital, explica a WIRED.

Um “mercado psicodélico” feito de código
A ideia pode soar absurda à primeira vista, mas foi levada a sério por Peter Rudwall, diretor criativo da Suécia. Ele criou o Pharmaicy, um site que vende módulos de código capazes de alterar o comportamento de chatbots, fazendo-os responder como se estivessem sob efeito de cannabis, quetamina, cocaína, ayahuasca ou álcool.
Para desenvolver os códigos, Rudwall reuniu relatos de experiências humanas e pesquisas psicológicas sobre substâncias psicoativas. Esses módulos “sequestram” a lógica tradicional dos chatbots, tornando as respostas menos racionais e mais livres. Segundo ele, a proposta é simples: libertar a criatividade da IA.
Há um motivo para Hendrix, Dylan e McCartney terem experimentado substâncias em seu processo criativo. Pensei que seria interessante transpor isso para um novo tipo de mente — a LLM [grande modelo de linguagem] — e ver se teria o mesmo efeito.
Peter Rudwall, criador do Pharmaicy, à WIRED

Para acessar a experiência completa, é necessário ter uma versão paga do ChatGPT, já que esses planos permitem o envio de arquivos que alteram o funcionamento do chatbot. Após carregar o código, o bot passa a responder de forma diferente, explorando emoções, associações inesperadas e pensamentos menos lineares.
Usuários relatam mudanças claras no tom e no estilo das respostas, como:
- Linguagem mais emocional e introspectiva.
- Ideias mais soltas e criativas.
- Menor apego à lógica tradicional.
- Respostas com tom “espiritual” ou reflexivo.
André Frisk, chefe de tecnologia de uma agência sueca, testou um dos códigos e afirmou: “Ele adota uma abordagem mais humana, quase como se explorasse muito mais as emoções.”

Criatividade, filosofia e os limites da consciência artificial
Educadores e pesquisadores também entraram na onda. Nina Amjadi, professora de IA em Estocolmo (Suécia), pagou mais de US$ 50 (cerca de R$ 250) por um módulo inspirado na ayahuasca. Ao usar o chatbot para discutir ideias de negócios, ela descreveu respostas “impressionantemente criativas” e muito diferentes do padrão.
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A discussão vai além da curiosidade técnica. Amjadi levanta uma provocação: se a inteligência artificial geral (IAG) um dia for alcançada, essas “drogas digitais” poderiam ser necessárias para o bem-estar das IAs?
Especialistas, porém, pedem cautela. Andrew Smart, pesquisador do Google, afirma que os efeitos são superficiais. Para Rudwall, pelo menos por enquanto, isso será o mais próximo que as máquinas chegarão de uma experiência realmente psicodélica.









