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Tudo sobre Artemis
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O ex-administrador da NASA, Michael Griffin, acendeu um alerta no Congresso ao afirmar que os Estados Unidos precisam refazer totalmente seus planos de pouso na Lua.
Segundo ele, o atual projeto Artemis foi construído sobre uma arquitetura que “não faz sentido” e coloca o país atrás da China na disputa espacial.

Crítica sacode o Congresso
Segundo o Space.com, durante uma audiência em Washington (EUA), Griffin foi direto ao comentar o programa Artemis: a estratégia teria criado um nível de risco considerado inaceitável para as tripulações. Em suas palavras, os EUA “se mantiveram fiéis a um plano que não funciona”, enquanto a China avança com uma abordagem consistente, parecida com a do antigo programa Apollo.
Ele ressaltou que tanto a NASA quanto duas administrações presidenciais adotaram uma arquitetura que depende de um complexo sistema de reabastecimento em órbita envolvendo a Starship, da SpaceX. A empresa estima que seriam necessários cerca de 12 lançamentos para abastecer o módulo lunar — número ainda não comprovado na prática.
Perdemos muito de nós mesmos e, talvez, não consigamos retornar à Lua antes que os chineses realizem seu primeiro pouso.
Michael Griffin, ex-administrador da NASA, em audiência no Congresso dos EUA

Por que a arquitetura da Artemis preocupa?
A estratégia atual traz desafios práticos importantes. O módulo lunar precisaria permanecer por um longo período em órbita enquanto aguarda os lançamentos de reabastecimento, o que, para Griffin, torna quase inevitável que parte do propelente evapore antes da missão começar. Ele afirma que “não devemos seguir essa linha de abordagem” com a tecnologia disponível hoje.
Além disso, documentos internos obtidos pelo site Politico indicam que o cronograma mais otimista colocaria o pouso tripulado apenas em setembro de 2028, enquanto a NASA ainda trabalha com a previsão de 2027.
Para entender os riscos, o plano atual envolve:
- Múltiplos lançamentos da Starship para reabastecer o módulo lunar;
- Teste ainda não realizado do sistema de reabastecimento em voo;
- Longa permanência do módulo em órbita, aumentando a chance de evaporação do combustível;
- Hiatos de até dois anos entre as primeiras missões, ritmo bem mais lento que o do programa Apollo.

Competição, instabilidade e o risco estratégico
A situação se agrava com críticas internas. O administrador interino da NASA, Sean Duffy, disse que a SpaceX está “atrasada” no desenvolvimento da Starship e que pode reabrir o contrato para permitir que empresas, como a Blue Origin, entrem na disputa.
Para Dean Cheng, especialista do Potomac Institute, esse tipo de instabilidade impede os EUA de manter um plano sólido a longo prazo, ao contrário da China, que segue estratégias de décadas. “A China se mantém fiel aos seus planos. Ela cria um plano que se mantém por décadas”, explica.
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Enquanto isso, a NASA enfrenta um momento turbulento, com cortes orçamentários, perda de capacidade científica e milhares de funcionários que perderam o emprego devido à redução do quadro federal.
No fim, Griffin destaca que, mais importante do que “vencer a corrida”, é garantir que os EUA definam seu papel na presença humana na Lua. Se a China chegar primeiro, pode estabelecer regras sobre como outras nações acessam e usam recursos lunares, criando uma vantagem estratégica de grande impacto global.








